No último dia 22 de julho, a cidade paulista de Ribeirão Preto sediou o 26º Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores da ANCP (Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores), um dos eventos mais importantes ligados ao melhoramento genético de bovinos do Brasil, que teve como tema “Genética de excelência para lucratividade”.
Após três anos de interrupção por conta da pandemia, o tradicional evento retornou no formato presencial reunindo mais de 250 participantes, entre criadores, pesquisadores, técnicos agropecuários, empresas da área de genética, professores e estudantes de ciências agrárias.
No encontro, que contou com seis palestras e mesa redonda para discussão em plenário entre participantes e moderadores, foram apresentadas as inovações e tecnologias do melhoramento genético de bovinos, com foco em sustentabilidade e qualidade da carne. Também foram compartilhados os trabalhos produzidos por pesquisadores e criadores em benefício da evolução da pecuária de corte brasileira.
A palestra de abertura foi apresentada pelo professor e pesquisador da Universidade de Wisconsin, em Madison (EUA), Daniel Gianola, que falou sobre a história das avaliações genéticas, abordando sua evolução desde Henderson até a Avaliação Multirracial.
Logo na sequência, dentro do tema do “Painel 1 – O mercado pecuário e a sustentabilidade”, o pecuarista e ex-secretário de Produção e Comércio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Pedro de Camargo Neto, apresentou palestra com o tema “Desafios Regulatórios da Pecuária: Ontem e Hoje”.
Camargo destacou a questão climática como o principal desafio da humanidade nos dias atuais. “O aquecimento global e as emissões de carbono e metano se tornaram alguns dos nossos problemas; então, é necessário liderar o processo regulatório”, ressaltou.
Ainda no Painel 1, a segunda palestra, “Incrementos na produtividade pecuária de corte com o uso de protocolos de Baixo Carbono”, foi apresentada pelo pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Roberto Giolo de Almeida, que ressaltou a forte pressão internacional sofrida pela pecuária de corte brasileira por causa da pegada de carbono.
“Como resposta, em 2010, o MAPA lançou o Plano ABC, uma iniciativa com metas expressivas para mitigação de gás de efeito estufa (GEE) por meio de tecnologias agropecuárias mais eficientes, produtivas e com menor impacto ambiental, entre elas a recuperação de pastagens e os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta”, explicou.
Abrindo o “Painel 2 – Seleção de zebuínos para qualidade da carne”, o gerente de Treinamento e Projetos Corte da ABS Pecplan, Cristiano Ribeiro, falou sobre “Mudança da demanda do mercado de genética da última década”, abordando a evolução das tecnologias e práticas que constituem o melhoramento genético voltado para rebanhos de corte.
Ribeiro ressaltou que o mercado oferece várias soluções para incrementar os resultados produtivos e reprodutivos, entre elas a genética sexada, para trabalhar a reposição de matrizes, e a transferência de embriões (TE), através da qual o plantel alcança um avanço de múltiplas gerações em apenas uma. O gestor também falou da eficiência alimentar, característica cada vez mais procurada por produtores de todo o Brasil.
“Seleção genética para melhoria da qualidade da carne brasileira” foi o tema da segunda palestra do Painel 2, apresentada pelo pesquisador da Embrapa Cerrados e 2º vice-presidente da ANCP, Cláudio Magnabosco, que traçou um panorama da pecuária de corte do Brasil situando os principais players no mercado, tanto produtores quanto exportadores.
Magnabosco abordou os principais gargalos da pecuária de corte, como a produção de carne de qualidade em uma pecuária pautada majoritariamente a pasto, sistemas de integração lavoura-pecuária, boi de ciclo curto, entre outros. Também apresentou os métodos de avaliação e os progressos já obtidos, seleção genômica, além de sugerir inclusão da maciez da carne e outras características relacionadas à qualidade da carne como critérios de seleção.
Na última palestra do evento, o gerente Global de Tecnologia de Bovinos de Corte da Cargill, Pedro Veiga, falou sobre “Quais são os desafios para a produção de carne de qualidade”, abordando os vários processos, desde o momento em que a vaca emprenha até a chegada da carne ao prato do consumidor”.
De acordo com Veiga, o mercado de carnes Premium e Gourmet está crescendo bastante no Brasil e, embora represente apenas 2,5% do volume de gado abatido, o crescimento é muito rápido, entre 20% e 25% ao ano. “Esse é um mercado que cresce e que remunera bem, mas é preciso ter cuidado para produzir e atender às expectativas do consumidor”, ressaltou.
O seminário ainda contou com dois momentos para discussão em plenário ao final dos dois painéis. Em mesa redonda, palestrantes e os moderadores Roberto Zancaner, pecuarista, e Angélica Pereira, professora da USP Pirassununga, coordenaram as perguntas feitas pelos participantes.
No encerramento do evento, a ANCP fez o lançamento oficial do Sumário de Touros das raças Nelore, Guzerá, Brahman e Tabapuã – Edição julho/2022, disponível em https://tinyurl.com/2p8j5y2p
Carlos Viacava, criador e 1º vice-presidente da ANCP, ressaltou o retorno presencial do seminário após três anos. “O evento trouxe novidades e inovações para um público muito motivado em aprender cada dia mais sobre a pecuária brasileira”, destacou.
Para o presidente da Entidade, Professor Raysildo Lôbo, foi um encontro muito importante em um ambiente alegre, que reuniu muitos consultores, criadores, professores e outros profissionais. “Todas as palestras, com temas relacionados às questões de sustentabilidade e qualidade da carne, trouxeram mais brilho e conhecimento ao nosso encontro”, finalizou.