Reestruturação de processos e investimentos em tecnologia estão na pauta do setor.
No dia 24 de abril é celebrado o Dia do Boi, criado para evidenciar um dos setores mais importantes da economia nacional: a bovinocultura. Nas últimas décadas, o setor tem experimentado um grande processo de modernização no País, cenário este que deve se consolidar ainda mais após a pandemia de Covid-19.
Uma pesquisa realizada em 2020, pela Embrapa Informática Agropecuária, constatou que 84% dos produtores rurais brasileiros já utilizam algum tipo de tecnologia de última geração em suas propriedades.
Para o presidente eleito do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), médico-veterinário Odemilson Mossero, é importante que o País continue investindo em tecnologia e inovação, visando maior sustentabilidade e ganhos de produtividade dos rebanhos.
“Também é fundamental manter a sanidade dos animais com a erradicação das doenças, assim como fomentar a produção e a certificação de processos sustentáveis”, avalia.
Inovação e sustentabilidade no campo
De acordo com o zootecnista Celso Carrer, presidente da Comissão Técnica de Zootecnia e Ensino do CRMV-SP, há alguns anos a bovinocultura brasileira vem acompanhando o surgimento de uma nova e profissionalizada geração de empreendedores alinhados às tendências de consumo e preocupados em garantir as necessidades das gerações futuras.
“Essa geração está focada em promover a adequação de modelos e sistemas de produção que agreguem resultados de sustentabilidade, manutenção da diversidade dos biomas, bem-estar animal, erradicação de doenças recorrentes, manejo com respeito à ambiência e abate humanitário, exploração de recursos com base na economia circular, entre outras tendências”, afirma o zootecnista.
Para Odemilson, o setor pode e deve melhor alinhar a ampliação da produção com a sustentabilidade e o bem-estar animal. “Isso se faz aplicando tecnologias inovadoras e seguindo as orientações técnicas atualizadas.”
O médico-veterinário acrescenta que é preciso implementar normas e procedimentos de bem-estar animal pautados em indicadores científicos, como zona de conforto, medições de endógenos, rastreabilidade e controle de resíduos físicos, químicos e biológicos.
Muitas frentes nesta área geram oportunidades de desenvolvimento do setor, como a utilização de softwares de gestão, voltados para a tomada de decisões de forma a racionalizar recursos como água, capital, terras, trabalho.
Há também a utilização de modelos que integram e reciclam recursos internos, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), estratégia de produção que vem crescendo no Brasil nos últimos anos e que utiliza diferentes sistemas produtivos dentro de uma mesma área.
“É essencial criar condições para a ampliação de quadros especializados e profissionais que atuarão neste processo de contínua melhoria do setor. Neste cenário, zootecnistas e médicos-veterinários desempenham papel destacado e necessário”, conclui Celso Carrer.