Expectativa de avanço no consumo interno impõe pressão de alta sobre arroba na maioria das praças pecuárias; em SP, animal terminado segue valendo R$ 317/@, a prazo, segundo a Scot Consultoria
As expectativas de elevação na demanda interna de carne bovina e o avanço das exportações neste segundo semestre incentivam a procura dos frigoríficos por animais terminados, relata a consultoria IHS Markit.
Com isso, os pecuaristas continuam vencendo a queda de braço pelo melhor preço da boiada gorda.
“Os pecuaristas não cedem, buscando proteger as suas margens operacionais, prejudicadas pelos aumentos dos custos de nutrição”, informa a IHS, referindo-se à pressão da indústria por cotações da arroba abaixo dos valores atuais de referência.
Em São Paulo, segundo os dados levantados pela Scot Consultoria, os preços dos animais enviados ao abate ficaram estáveis na comparação com o primeiro dia da semana.
O boi gordo é negociado a R$ 317/@, enquanto a vaca e a novilha seguem valendo 293/@ e R$ 311/@, respectivamente (valores brutos e a prazo).
Bovinos destinados ao mercado externo (abatidos mais jovens, com idade de até 30 meses) são vendidos por até R$ 320/@, em São Paulo (preço bruto e à vista).
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques brasileiros de carne bovina in natura alcançaram 166,2 mil toneladas, volume 18,4% superior ao resultado de junho último e 1,7% abaixo da quantidade registradas em igual mês de 2020.
“A ausência da carne argentina no mercado internacional impulsiona a procura por carne bovina brasileira neste segundo semestre”, observa a IHS Markit.
Além disso, tradicionalmente, os embarques brasileiros são mais fortes no segundo período do ano, na comparação com o primeiro semestre.
O dólar também subiu em relação ao real no mês passado, o que deixou a carne brasileira ainda mais competitiva no mercado internacional.
O preço médio da tonelada em julho foi de US$ 5,42 mil, acréscimo de 33% na comparação anual, o que resultou em aumento acima de 30% no faturamento mensal (em relação ao mês anterior), para US$ 902,6 milhões.
Os fatores mencionados acima, reforçam os analistas de mercado, favorecem a especulação altista no mercado do boi gordo.
Segundo dados apurados pela IHS, no Norte e Nordeste do País, as plantas abatedouras apresentam escalas de abate mais confortáveis, ao redor de 15 dias. Mesmo assim, os patamares de preços da arroba do boi gordo seguem firmes nessas regiões.
No Centro-Oeste e Sudeste, as unidades frigoríficas enfrentam maior dificuldade para adquirir animais terminados, relata a IHS. As escalas de abate se encontram entre 6 e 7 dias.
Na região Sul, o quadro de oferta de animais gordos é ainda pior, informa a consultoria. As programações de abate na região ficam ao redor de 5 e 6 dias.
Os contratos futuros do boi negociados na bolsa B3 voltaram a registrar variações negativas, sinalizando correção de preços.
Os papeis com vencimento em outubro/21 e novembro/21 recuaram para R$ 325 e R$ 329,95, respectivamente.
No mercado atacadista, os preços dos principais cortes bovinos, assim como do couro e sebo industrial, permaneceram estáveis nesta terça-feira.
O setor segue bastante otimista com relação à expectativa de reação do consumo de carne bovina no varejo no curto prazo, em função do recebimento dos salários neste início de agosto e também devido às comemorações do Dia dos Pais, no próximo domingo, o que deve estimular a procura pela proteína vermelha, a preferida das famílias brasileiras.
Segundo a IHS Markit, outro fator que pode estimular a demanda pela carne bovina é o recente avanço nos preços do frango.