Cotação registrou queda na última semana, influenciada também pela melhoria na oferta, enquanto ociosidade nos frigoríficos está em alta
A melhora na oferta de boi, com a aproximação do final da entressafra, já pode ser notada com a ligeira queda no preço do quilo vivo, aquecido em praticamente todo o primeiro semestre. De acordo com a pesquisa semanal feita pelo Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em julho, no dia 21, o quilo vivo do boi atingiu R$ 12,50. Na semana passada, em levantamento do dia 4 de agosto, o preço já havia caído para R$ 11,00.
O movimento, segundo o coordenador do NESPro, Júlio Barcellos, é normal para a época do ano e deve se manter até meados de setembro, quando há uma reação natural do mercado em direção ao final de ano, reforçada pela retomada gradual da economia e pelo aumento da mobilidade do consumidor com o avanço da vacinação contra o Covid-19. “Neste momento, o que está realmente impedindo que o preço pago ao produtor aumente é o consumo muito baixo”, complementa Barcellos.
A queda no consumo é sentida de forma direta no número de abates nos frigoríficos do Rio Grande do Sul. O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sicadergs), Ronei Lauxen, afirma que a capacidade de abate das empresas gaúchas do segmento é de 11 mil cabeças/dia. Segundo ele, ao longo do primeiro trimestre ficou por volta das 9 mil cabeças/dia e agora está em 6 mil. Lauxen observa que há pelo menos três meses o preço da carne bovina não aumenta para o varejo e adianta que o setor estuda inclusive uma forma de deflacionar alguns valores para melhorar o consumo. “Mas ainda não temos como dizer de quanto vai ser essa diminuição”, ressalva.