Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da ABAG, traz suas avaliações sobre a COP26 no BW Talks
A COP26 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021, realizada em Glasgow (Escócia), entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro, apresentou resultados positivos no que tange ao setor empresarial e sociedade civil, que trouxeram um discurso alinhado e afinado para alterar o atual panorama do aquecimento global. “Foram anunciados muitos investimentos por parte da iniciativa privada, com vários programas que estão sendo executados ou serão implementados no mundo inteiro. É uma agenda que chegou para ficar”, ressaltou o presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Marcello Brito, durante o BW Talks Conexão Europa COP 26, promovido no dia 18 de novembro.
Brito, que esteve na COP26 representando o agronegócio brasileiro juntamente com empresários e presidentes de importantes companhias, representantes de organizações sociais e de entidades setoriais, afirmou que o agro organizado deu sua contribuição, ao participar em painéis, expor suas opiniões e ouvir investidores e consumidores. “É assim que devem ser conduzidas as relações internacionais”, pontuou.
Segundo o presidente da ABAG, o governo brasileiro também surpreendeu positivamente os participantes da COP26, com uma mudança de postura e o anúncio de novas metas para redução das emissões de carbono e de metano. Em sua avaliação, a entrada do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ao grupo organizador de equipe brasileira, forneceu uma visão mais aberta sobre o mundo e sobre os consumidores, resultando nessa participação muito boa do país.
Por outro lado, mesmo tendo chegado a um acordo sobre o artigo 6 do Acordo de Paris, que trata dos instrumentos para a criação de um mercado global de carbono, Brito ponderou que os resultados da COP26 foram aquém do necessário, mas melhor do que o esperado. A seu ver, o principal ponto fraco do evento foi a questão do financiamento dos países ricos para mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Durante o evento online do Movimento BW, iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), o presidente do Conselho Diretor da ABAG comentou sobre a importância da expressiva participação de jovens e de mulheres de diversos países na COP26 e sobre a necessidade de o Brasil fortalecer as relações exteriores, uma vez que a maior parte do consumo virá da Ásia, enquanto a Europa e os Estados Unidos continuarão a criar tendências de mercado e a reter o maior capital de financiamento.
Para Brito, é preciso agir agora para conter o aquecimento global, caso contrário, a situação será pior a cada dia. “O número de eventos extremos é quatro vezes maior do que há quatro décadas”, enfatizou. E, o agronegócio é diretamente impactado pelas mudanças climáticas. “Não tenho dúvida que no final desta década, o Brasil estará competindo pela liderança global de alimentos, mas precisamos sanar alguns problemas, como conter o desmatamento ilegal na Amazônia”, reforçou Brito, que acrescentou que esse bioma regula o ciclo de chuvas do Centro-Sul e, se o processo de degradação crescer, o país estará prejudicando um ponto de sua estabilidade: o agro.
Ele discorreu ainda sobre a importância de concluir o Código Florestal, que trabalha três pilares essenciais de acesso aos mercados: integridade, credibilidade e transparência. “A rastreabilidade foi o item mais colocado em debate na COP26. Os países estão afunilando o campo de pressão sobre esse tema, querendo saber de onde vêm os produtos brasileiros, se por acaso eles são oriundos de áreas de desmatamento”, finalizou.