Contexto nacional e internacional de alta de preços é apontado como a causa; para especialista, problema pode demorar para ser resolvido
Em entrevista no programa Direto ao Ponto deste domingo (14), o diretor técnico adjunto da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Reginaldo Minaré, disse que a próxima safra poderá ser a mais cara desde o início dos anos 2000. O motivo seria os altos custos, entre eles dos insumos.
“Toda essa conjuntura de aumento de preço – seja do combustível, aproximadamente 65% este ano, da energia, 25%, dos insumos, fertilizantes e defensivos, em média 100% mais caros e problemas com o aumento de frete, de contêineres – coloca uma expectativa de que a próxima safra será a mais cara do século”, afirma.
Minaré ressalta que a situação é preocupante para o produtor rural. “Sabemos que o preço dos insumos aumentou muito, mas não sabemos como o preço da safra vai se comportar quando ela for colhida”. Ele completa dizendo que a margem de lucro ou prejuízo dos agricultores só será calculada no final da safra.
Para o representante da CNA, os preços devem continuar elevados e a solução não chegará logo. “Essa cadeia de abastecimento é complexa, e quando ela se desestrutura, não é algo que se corrige rapidamente”, coloca.
Cuidados que o produtor deve ter:
O diretor da CNA também fala que os agricultores devem tomar alguns cuidados na hora de comprar insumos. Um deles é com relação aos contratos. De acrodo com Minaré, em caso de problemas na entrega, é importante checar os contratos de compra que já possui e avaliar os novos acordos para que as duas partes, comprador e vendedor, sejam resguardadas.
Outro ponto de atenção é com relação a possíveis especulações dos produtos. O diretor reforça que, caso haja configuração dessa prática, o produtor deve denunciar.
Questão do glifosato:
Agricultores já têm reclamado da dificuldade de encontrar glifosato nos estabelecimentos de venda. O representante da CNA afirma que as circunstâncias desse produto diferem de outras pois depende de uma matéria-prima da qual a China responde por um terço da produção mundial.
“Ele tem uma situação peculiar devido à matéria prima, que é o fósforo amarelo. A retirada dessa substância exige um trabalho industrial muito robusto, principalmente, com muito uso de energia e água. Como a China está com certa dificuldade de energia, as indústrias que mais utilizam energia foram convidadas a reduzir a produção. No caso da produção do fósforo amarelo, de setembro a dezembro deste ano, se estabeleceu uma redução de 90% na produção chinesa. Isso não é uma coisa que se supre muito rápido”, conta.
Ainda de acordo com Minaré, há esperanças de que a produção chinesa se normalize no início do próximo ano, mas não há garantias disso. “O glifosato pode ser um produto que vá ter problemas para a próxima safra. Essa é uma realidade posta. Já tem algumas pessoas com dificuldade de encontrar e talvez isso continue até o próximo ano”, afirmou o convidado do programa.