Em videoconferência, ministro Carlos França, das Relações Exteriores, tratou do tema com o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi
O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, reuniu-se ontem (21/10), por videoconferência, com o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, para discutir a retomada das exportações de carne bovina brasileira ao país asiático. Os embarques estão paralisados há 47 dias.
Segundo o Itamaraty, o ministro chinês disse acreditar que o assunto será “resolvido rapidamente”. A Pasta afirmou também que uma reunião bilateral para encaminhar o assunto deve ocorrer ainda hoje.
As exportações de carne bovina brasileira aos chineses estão suspensas desde 4 de setembro, quando o Brasil anunciou a interrupção. A medida, tomada após a confirmação de dois casos atípicos do mal da “vaca louca”, em Minas Gerais e Mato Grosso, faz parte de um protocolo sanitário entre os dois países, e cabe aos chineses decidirem pela retomada dos embarques.
Após a confirmação da doença no Brasil, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) disse que os casos brasileiros tinham potencial “insignificante” de contaminação do rebanho. A variante atípica da vaca louca ocorre em animais mais velhos e tem baixo potencial de se espalhar, diferentemente do tipo clássico, em que o bovino pode contrair a doença ao consumir ração contaminada.
Nesta semana, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, colocou-se à disposição para ir pessoalmente à China negociar a reabertura do mercado, o que não deverá ser necessário, segundo o avaliação da bancada ruralista. Parte do setor acredita que a longa espera seja uma retaliação – em 2019, quando um caso parecido ocorreu no Brasil, o embargo durou apenas 13 dias.
Uma fonte do segmento afirmou ao Valor que a demora chinesa não tem origem técnica, mas que também não é possível presumir que haja motivação política. Internamente, o Ministério da Agricultura faz leitura semelhante. “É muito mais um problema comercial. A China é pragmática e está trabalhando para baixar o preço. É fácil confundir com política, mas hoje não tem ambiente para isso”, disse a fonte.