Comprometimento, foco e estratégia. Essas são as três frentes mais importantes do acordo assinado pelo Brasil na COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021), na Escócia, no início de novembro, explica Daniel Vargas, advogado formado em Harvard, professor de Economia e Direito da FGV e ex-Secretário Executivo e Ministro Interino de Assuntos Estratégicos, convidado do ABMRA Talks “COP26 e o Agro Brasileiro na Visão de Quem Estava Lá”, promovido pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio. O evento on-line foi mediado pelo jornalista Carlos Alberto da Silva, diretor da ABMRA, e contou com a participação de especial de Jorge Espanha, presidente da ABMRA.
Daniel Vargas disse que o acordo de países querendo diminuir a emissão de CO2 na atmosfera é uma característica peculiar das últimas COPs. “Nas conferências anteriores havia muitas resistências, dúvidas, questionamentos sobre os verdadeiros efeitos das mudanças climáticas. Agora não. Há consenso de que o problema está na mesa e de que precisamos resolvê-lo”, afirma. “O tom foi de construção de um caminho para a descarbonização da economia e de pavimentação para uma nova economia, mais sustentável e limpa.
O prof. da FGV destaca a intensa discussão na COP26 sobre o financiamento para avanço dos compromissos. Entre as opções, especulou-se sobre a criação de um “fundo público” no qual os países ricos teriam a obrigação de reduzir as emissões e os países pobres ficariam com o direito de ser remunerados caso contribuíssem para tal redução; ou o “financiamento privado”, pelo qual os financiadores teriam os investimentos retornados no futuro.
Outro tema presente na conferência envolveu conversões tecnológicas em três campos principais: uso da energia; uso da terra e uso das florestas, sendo os dois últimos mais diretamente ligados ao Brasil. Outro ponto foi a governança, ou seja, como os estados e parcerias privadas se organizarão de forma conjunta para o efetivo engajamento das nações em busca dos resultados pretendidos.
Para Jorge Espanha, presidente da ABMRA, a chave para todas essas questões está no levantamento de informações confiáveis. “Precisamos de uma agenda positiva neste tema, pois não nos posicionarmos, seremos posicionado pelos concorrentes globais do agronegócio. Para muitos, a Amazônia é um problema, mas convenhamos, a Amazônia é um privilégio dos brasileiros, o último pulmão de biodiversidade está no nosso país. Temos uma das mais sustentáveis cadeias produtivas do planeta e precisamos falar mais coordenadamente que fazemos um ótimo trabalho”.