Se ainda restava alguma dúvida, o empresário Marcos Molina deixou claro ontem que assumiu o comando da BRF. A Marfrig não vai indicar apenas o próximo conselho de administração da BRF (a eleição ocorre em 28 de março, em assembleia de acionistas), mas passará a consolidar o balanço da dona da Sadia a partir do segundo trimestre.
A informação foi divulgada pelo controlador da Marfrig em teleconferência com acionistas. A companhia de Molina vai exercer o poder de controle não a partir da maioria das ações, já que o grupo detém 33% da dona da Sadia, mas ao ditar os rumos da BRF com a maioria no conselho, o que é permitido pelas práticas contábeis. Ainda não é uma fusão, mas poucos no mercado duvidam de que a direção é essa.
Quando consolidar o balanço da BRF, a Marfrig será uma gigante de R$ 133 bilhões em faturamento anual. A mudança, é claro, vai ajudar o mercado a comparar a Marfrig às duas titãs multiproteínas (a JBS e a americana Tyson Foods), que também produzem as carnes bovina, suína e frango.
Líder, a JBS fatura mais de R$ 300 bilhões ao ano, enquanto as vendas da Tyson equivalem a R$ 235 bilhões (US$ 47 bilhões). Em valor de mercado, a distância ainda é grande. A Marfrig vale R$ 14 bilhões e a BRF, R$ 17,1 bilhões. A companhia dos irmãos Batista está avaliada em R$ 83 bilhões e, nos EUA, o império de John Tyson vale US$ 33,4 bilhões (R$ 167 bilhões).