A Decoy, agtech de biotecnologia, que atua com soluções biológicas para o controle de pragas no mercado de saúde animal, recebeu aporte de R$ 9 milhões para expansão no País. Os recursos foram recebidos neste mês, informou a empresa. O investimento foi liderado pela SP Ventures, maior fundo de AgFoodtech da América Latina, e pelo fundo de corporate venture capital da Farmabase, indústria de saúde animal.
A verba permitirá à startup inserir seus produtos no mercado, principalmente, segundo dizem à reportagem os sócios e CEO, Lucas von Zuben, e o diretor de Operações (COO), Túlio Nunes. Atualmente, a Decoy ainda não atua comercialmente, já que seus produtos estão em fase de aprovação de registro. No momento, o faturamento da agtech vem de parcerias com pecuaristas para testes e experimentações das soluções biológicas – iniciados no fim de 2018.
Os recursos serão aplicados em dois anos, prazo máximo para concretização do investimento. Von Zuben relata que o aporte será destinado para três frentes: pesquisa e desenvolvimento (P&D) de carrapaticidas para animais de criação e estimação, expansão comercial e marketing e ampliação da sua estrutura fabril. “Vamos focar no desenvolvimento dos produtos e também na estrutura para lançá-los no mercado, o que demanda investimentos em comercial e marketing e infraestrutura”, afirma o CEO.
Aproximadamente 15% da verba será aplicada em P&D para novas tecnologias para animais de criação e de estimação, de acordo com os executivos. Três novos produtos devem ser inseridos no mercado em meados do ano que vem. “Algumas soluções estão mais avançadas que outras, como a para bovinos que está em processo de regulamentação e pretendemos lançar no início do próximo ano. Para pets, iniciamos parcerias para testes de produtos para controle de carrapatos e pulgas para cães e gatos e ainda vamos concluir desenvolvimento e submeter para registro. Para avicultura, ainda iniciaremos o desenvolvimento”, diz Von Zuben. Nunes acrescenta que as tecnologias em desenvolvimento são transversais para os segmentos do mercado: pecuária, avicultura e pets. “A área de controle biológico para saúde animal ainda é muito carente de inovação. Vamos desenvolver produtos, um para cada segmento, com o mesmo princípio ativo””, completa.
Na frente comercial, o aporte vai para criação de canais de vendas, estrutura para distribuição de produtos e marketing. Em termos geográficos, os esforços se concentrarão nos Estados de Rio Grande do Sul, onde já atua com pecuária de corte, São Paulo, voltado ao segmento de animais de estimação, e Minas Gerais, onde está em fase de prospecção de clientes especialmente de pecuária leiteira. “Inicialmente, pretendemos expandir a atuação no Rio Grande do Sul, porque produtores enfrentam muito problemas com carrapatos e existência com carrapaticidas químicos para bovinos, já que as raças europeias são mais suscetíveis. Para avicultura, como está em fase inicial de desenvolvimento, ainda não definimos a região alvo”, afirmou Von Zuben.
Outra parte dos recursos será destinada à ampliação da capacidade instalada de produção, das atuais 600 mil doses de biocarrapaticidas mensais para 1 milhão de doses por mês. O CEO da Decoy prevê conclusão da expansão e alcance da meta em meados de 2023. O aumento da capacidade fabril será feito em sua biofábrica em Ribeirão Preto (SP).
A partir do investimento e da consequente expansão, a Decoy prevê crescer cinco vezes até o fim de 2023. A estimativa é alcançar faturamento de R$ 10 milhões ao fim do ano que vem, ante os cerca de R$ 2 milhões obtidos no ano passado. A data, usada como referência para a meta, considera a inserção comercial dos seus biocarrapaticida para bovinos, em fase de regulamentação no Ministério da Agricultura, e outras duas soluções até o fim do próximo ano.
Eficiência – De acordo com os executivos, o retorno da aplicabilidade dos biológicos com os pecuaristas que testaram o produto está sendo “positivo” em relação à eficiência, à redução do uso de produtos tóxicos ao meio ambiente e ao bem-estar animal. “Hoje, a eficácia das nossas soluções varia de 70% a 100% para controle de carrapatos em bovinos, conforme a propriedade e raça. É um ótimo resultado para biológicos, sem deixar resíduos no leite e na carne e há grande espaço para novas tecnologias no setor”, aponta Nunes, mencionando que o mercado de biológicos ainda é incipiente na pecuária em relação à transição já observada na agricultura.