A queda na ingestão de água induz diretamente a redução no consumo de alimento pelos bovinos, e a principal consequência deste fenômeno na ingestão de matéria seca é a diminuição no desempenho animal, além das alterações digestivas e distúrbios metabólicos, que podem, em casos severos, levar à morte.
A água é o ingrediente mais importante na dieta de um bovino, pois o animal consegue sobreviver por mais tempo sem ingerir alimento do que sem o consumo de água. Isso ocorre pois os animais podem sobreviver perdendo até 100% de seu tecido adiposo (gordura) e mais de 50% da proteína corporal, mas, se perderem de 10% a 12% da água corporal, morrem.
A Responsável Técnica da Minerthal Letícia de Souza explica que a água representa cerca de 50 a 73% do peso vivo de um bovino adulto, e, dessa forma, já é possível perceber a importância deste nutriente para o animal. “Algumas das funções vitais da água no organismo são a regulação da temperatura corporal, transporte de nutrientes metabólitos, normal fermentação e metabolismo no rúmen, determinação do fluxo do alimento no trato digestivo e do volume normal de sangue, suprimento das demandas dos tecidos corporais, umidificação, lubrificação, entre outras”.
A importância do fornecimento correto de águas aos bovinos
O consumo de água pode variar de acordo com o peso e tamanho corporal, raça, idade, e estágio fisiológico do animal (crescimento, gestação, lactação etc.). Além disso, a ingestão deste líquido pode ser influenciada pelos seguintes fatores: alimentação, matéria seca, energia e teor de sódio. Aspectos ambientais, como temperatura, radiação e umidade do ambiente, restrição ou oferta de água, acesso e distância do fornecimento da bebida também podem reduzir ou aumentar o consumo de água.
“Sabemos que um animal adulto consome, em média, 2,5% do seu peso vivo em matéria seca e que a ingestão de água é de aproximadamente 4 a 5 litros de água/kg de matéria seca ingerida. Considerando-se bovinos de dois anos, a necessidade mínima é de 8 a 9 litros a cada 100 quilos de peso vivo, em condições de manejo adequado, distância correta de bebedouros e clima temperado. Em confinamentos em que as dietas, geralmente, são mais energéticas e o ambiente apresenta maior densidade de animais por metro quadrado, o consumo de água é maior”, detalha Letícia.
As limitações na ingestão do líquido podem ser resultado de fatores como dominância social, barreiras físicas, estreitamento dos trilheiros na chegada às fontes de água, baixa disponibilidade e qualidade, infraestrutura imprópria e manejo inadequado dos rebanhos.
As fontes de água mais comuns em propriedades de gado de corte são bebedouros, açudes, cacimbas, rios, córregos e lagoas naturais. Fontes contaminadas representam sérios riscos à saúde dos animais e, consequentemente, têm um impacto negativo na produção. Diarreia, eimeriose, leptospirose, botulismo, verminoses são algumas das doenças que podem afetar diretamente a saúde do animal.
Estrutura de bebedouro e influência no desempenho
A necessidade de não faltar água de qualidade no bebedouro deve ser ressaltada, sendo pontos de atenção para as fazendas a capacidade e velocidade de enchimento do bebedouro, bem como um local reservado para o armazenamento de água, caso haja algum problema de distribuição.
“Aliado a isto, uma rotina de limpeza deve ser estabelecida para assegurar qualidade, sendo recomendado limpar duas vezes por semana em sistema de confinamento, e, em sistema menos intensivos, uma vez por semana, dependendo da situação do bebedouro. Algumas alternativas podem ser utilizadas neste processo, como a utilização de cloro, por exemplo”, pontua a profissional.
A alimentação dos ruminantes é fundamental para o desempenho produtivo e reprodutivo do rebanho. Para isso, o consumo de água e dos alimentos essenciais é a base para o sucesso. “Suplementar os nutrientes faltantes no pasto é uma forma de corrigir a nutrição, mas, para êxito na suplementação, admitimos que o ‘arroz e feijão’ já estão sendo feitos, portanto, é indispensável a atenção com a água em qualquer tipo de sistema produtivo de bovinos”, finaliza Letícia.