O Fundo JBS pela Amazônia (FJBSA) selecionou sete iniciativas que contarão com apoio financeiro para promover ações de preservação da floresta amazônica, melhorar a qualidade de vida das comunidades tradicionais e indígenas e incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico do bioma. Ao todo, já são R$ 60 milhões comprometidos em 12 projetos apoiados pelo Fundo em dois anos de funcionamento. As novas iniciativas têm foco em ciência e tecnologia.
Os projetos selecionados incluem a promoção de pesquisas científicas e ações que estimulam a bioeconomia, envolvendo cadeias produtivas de culturas como castanha, cupuaçu e cogumelos. É a primeira vez que o Fundo apoia um projeto em terras indígenas com foco em estimular a cadeia da castanha-do-Pará, a produção de artesanato e a formação de uma rede de sementes florestais.
“Os novos projetos apoiados fomentam a pesquisa e o desenvolvimento de ingredientes e produtos a partir da biodiversidade do bioma amazônico, gerando negócios para a região”, destacou Joanita Maestri Karoleski, presidente do Fundo JBS pela Amazônia. “São projetos inovadores que, sem dúvida, trarão grandes contribuições para a cadeia produtiva amazônica e para as comunidades locais”, completou Andrea Azevedo, diretora de Programas e Projetos do FJBSA.
Mais de 100 propostas foram analisadas pela equipe técnica a partir de critérios objetivos para selecionar as iniciativas. Os projetos também passaram por uma análise estratégica do Conselho Consultivo e verificação detalhada do mérito da proposta de trabalho pelo Comitê Técnico. Ambos os conselhos fazem parte da governança externa do Fundo JBS pela Amazônia e após todo esse rito é que são decididas as ações que serão apoiadas.
O FJBSA opera na lógica de inovação com propósito, ou seja, a inovação deve atender as demandas das comunidades de forma inclusiva e participativa. Um exemplo disso é o apoio ao desenvolvimento do bioplástico (polipropileno verde). A iniciativa visa dar escala a uma pesquisa já existente no qual o resíduo do ouriço da castanha-do-Pará será pré-beneficiado na própria comunidade, por meio de suas cooperativas ou associações, e enviado para indústrias para ser inserido na composição do plástico.
A pesquisa, desenvolvida em parceria com institutos e universidades da Amazônia, busca apontar a proporção viável da quantidade de matéria-prima que será biodegradável, reduzindo, dessa forma, o uso de combustível fóssil em sua produção. Uma fábrica localizada na Zona Franca de Manaus está disposta a testar esse resultado já em escala industrial. Desse modo, o projeto visa diminuir o impacto da cadeia de plástico ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, gerar renda à comunidade a partir do aproveitamento de um produto que normalmente é descartado. Além disso, contribui para desenvolver, no estado do Amazonas, um produto biodegradável que promove a economia circular e negócios comunitários.
Duas das sete novas iniciativas serão em parceria com a Embrapa, resultantes do primeiro ciclo de investimentos do Fundo – em 2021, o FBJSA e a estatal assinaram um Acordo Geral de Cooperação. Uma delas será dedicada ao desenvolvimento de inteligência artificial aplicada à automação florestal e espacialização do carbono, de forma a conhecer sua dinâmica em diferentes usos da terra. A outra linha de pesquisa será focada em inovação social e será realizada junto à Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), de forma a potencializar os resultados do projeto “Pesca Justa e Sustentável”, aprovado pelo Fundo no ano passado.
Conheça os sete novos projetos aprovados:
Corredor sustentável de cacau – A iniciativa do Corredor de Cacau é criar um modelo de Arranjo Produtivo Local (cluster) na região do sudoeste do Pará. Atualmente, há diversos projetos, geridos por diferentes organizações, que operam no local. O objetivo da iniciativa é criar um plano de negócios para um piloto do Corredor de Cacau integrando as iniciativas.
Este seria o passo inicial para criar o primeiro Corredor de Cacau do mundo, combinando a conservação florestal e restauração. Validado o modelo, em 10 anos, o projeto pretende chegar a 45 mil hectares de áreas restauradas por sistemas agroflorestais no sudoeste do Pará; promover aumento de renda direta, na ordem de 30%, aos produtores via melhoria de produtividade; e gerar R$ 686 milhões em valor agregado, incluindo a criação de 60 mil postos de trabalho e a formalização da cadeia. Por fim, aumentar a produção de cacau nacional em até 90 mil toneladas.
O parceiro do Fundo nesse projeto é a Systemiq.
InovAmazônia – Ingredientes da Amazônia – O projeto vai financiar projetos de pesquisas para apoiar o desenvolvimento de novos produtos e/ou ingredientes à partir da biodiversidade da Amazônia, que possam ser utilizados no setor de alimentos vegetais (plant-based).
Ao todo, serão financiadas seis pesquisas pelo FJBSA, que terão como objetivo avaliar o potencial de utilização de espécies nativas do Bioma Amazônia, como Cupuaçu, Guaraná, Castanha-do-Pará, Babaçu, Cogumelos, dentre outras, para o desenvolvimento de novos ingredientes e produtos. Serão priorizados projetos de pesquisas que tragam processos tecnológicos inovadores, envolvam comunidades locais e utilizem resíduos das cadeias de produção já existentes com o objetivo de agregar valor a essas cadeias, de acordo com as premissas da economia circular.
O parceiro do Fundo nesse projeto é a The Good Food Institute (GFI), uma instituição sem fins lucrativos que trabalha para acelerar transformações na cadeia de produção de alimentos para torná-la mais sustentável, segura e justa.
Mãos Indígenas, Floresta em Pé – Visa dinamizar a bioeconomia em terras indígenas, através da potencialização de cadeias de valor da sociobiodiversidade e do estímulo ao protagonismo de mulheres e jovens no fortalecimento da governança territorial indígena. O projeto busca promover a conservação florestal de 4,5 milhões de hectares localizados em 16 Terras Indígenas no centro-sul de Rondônia e noroeste do Mato Grosso. Cerca de 650 famílias devem ser beneficiadas pelo projeto, com incremento anual de 5% em suas rendas familiares em 18 meses, por meio da bioeconomia. Também é esperado o aumento em cerca de 20% da produção das três cadeias (castanha, artesanato e sementes florestais).
As parceiras da Fundo neste projeto são a Forest Trends, organização sem fins lucrativos com mais de 18 anos de atuação com os povos indígenas, a Greendata, um centro composto por 20 associados que atuam com o desenvolvimento de projetos na Amazônia, e a Ecoporé, organização brasileira que atua para compatibilizar os interesses socioeconômicos com a conservação da biodiversidade amazônica.
Bioplástico da Amazônia – Este projeto endereça a necessidade de se desenvolver um material sustentável (biocomposto) para substituição parcial e total do polipropileno (PP), a partir do aproveitamento de fibras amazônicas, como o pó de madeira e casca e ouriço da castanha-do-Pará. O objetivo é estimular a economia da floresta e garantir a sua preservação, ao mesmo tempo em que gera renda para comunidades da região e contribui para promover a inovação no Polo Industrial de Manaus.
Os parceiros da Fundo neste projeto são a WTT, que apoia cientistas e inovadores a desenvolver soluções de base científico-tecnológica para desafios do desenvolvimento sustentável, e o Idesam, uma organização não governamental com mais de 15 anos de atuação na Amazônia promovendo uma nova economia de base inclusiva e sustentável, e a TUTIPLAST, especializada em promover soluções em injeções plásticas. As instituições acadêmicas envolvidas na pesquisa são Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Proteínas da Amazônia – Projeto de pesquisa aplicada, busca o desenvolvimento de alternativas para a extração de proteína (extratos proteicos) da semente de cupuaçu e da castanha-do-Pará para aplicações na indústria alimentícia. O Fundo apoiará a primeira fase da iniciativa, que consiste na avaliação preliminar de viabilidade técnico-econômica dos processos, com prova de conceito e estudo de viabilidade técnico-econômica. O piloto será desenvolvido na Cooperativa RECA (Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado) em Nova Califórnia (RO). Os parceiros do Fundo são o Senai e a Embrapii.
Projeto Pirarucu Sustentável – Apoio ao Projeto “Pesca Justa e Sustentável” por meio de capacitação de técnicos multiplicadores e da aquisição de equipamentos para os cursos, voltados à boas práticas de processamento e à diversificação da linha de produtos da ASPROC. Além disso, desenvolverá um diagnóstico do uso da água e geração de resíduos na indústria do pescado, identificando os pontos críticos e direcionando ações para redução da demanda hídrica. Esse projeto será implementado por mais de uma filial da Embrapa: Pesca e Aquicultura, Pecuária Sudeste e Amazônia Oriental. As atividades serão realizadas com engajamento e apoio da ASPROC.
Geoflora – Automação Florestal e Espacialização de Carbono – Pesquisa visa conhecer a dinâmica do carbono em diferentes usos da terra por meio de tecnologia de ponta para o monitoramento de emissão de gases de efeito estufa e do desmatamento, bem como a valoração de ativos ambientais e crédito de carbono, entre outros usos, servindo de maneira estruturante para a cadeia da restauração. O projeto será realizado em parceria com a Embrapa Acre.
Sobre o Fundo JBS pela Amazônia
O Fundo JBS pela Amazônia é uma associação dedicada a fomentar e financiar iniciativas e projetos que visam ao desenvolvimento sustentável do Bioma Amazônico. A instituição é aberta a contribuições e parcerias de associações da iniciativa privada, terceiro setor e grupos multistakeholders. A JBS se compromete a igualar a contribuição feita a cada doação até atingir R$ 500 milhões. A meta é levar os recursos do Fundo a R$ 1 bilhão até 2030. Qualquer instituição ou empresa pode apresentar projetos para solicitar financiamento, desde que tenha CNPJ ativo (ou equivalente para empresas internacionais). As inscrições podem ser feitas pelo site https://fundojbsamazonia.org/.