O Ministério da Agricultura apresentou, ontem 24, ao Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ações para ampliar financiamento privado do agro. O secretário adjunto de Política Agrícola, José Ângelo Mazzillo, destacou como principal desafio financiar com recursos privados o seguro rural. “Temos um mercado que nos permite pensar na casa do trilhão. O céu é o limite para o agro”, afirmou no encontro realizado na capital paulista, segundo nota do Ministério.
Ao lado do ministro Marcos Montes, ele citou que interessados em investir no agro já podem aplicar em Cédula de Produto Rural (CPR), que inclui recebíveis “empacotados” em instrumentos sofisticados do mercado de capitais, como o CRA, o Fiagro e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). Pessoas físicas podem adquirir cotas desses produtos, de acordo com o secretário. Ele disse que na virada do mês será possível verificar se o volume negociado em CPR ultrapassou a barreira dos R$ 200 milhões – até agosto de 2020 era de R$ 17 bilhões. “Uma das explicações para esse salto é o esforço do Mapa em articular o setor e modernizar o marco legal que rege o financiamento privado ao agro”, afirmou na nota da pasta.
O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Barroso do Nascimento, destacou o interesse em aproximar a CVM do agro. Um dos ativos mencionados foi o CBio (Crédito de Descarbonização por Biocombustíveis), “forte candidato a entrar na carteira por já ter sido regulamentado”, segundo João Pedro. “A redução da emissão ainda não é capitalizada de forma eficiente”, disse. O presidente da CVM acrescentou que por muito tempo o agro foi financiado pelo mercado financeiro e que agora o mercado de capitais estaria reivindicando esse protagonismo. “No Brasil, o futuro é verde e digital. De cada quatro refeições servidas no mundo, uma vem do Brasil. Somos o País com a estrutura mais desenvolvida em mercado de carbono. A CVM é a casa de vocês”, afirmou.