Nos nove meses de 2022 o setor de suplementos minerais utilizados na nutrição de rebanhos comercializou 1,93 milhões de toneladas, um valor 6,7% abaixo do registrado no mesmo período de 2021. O movimento de queda não é novidade, já que a tendência dos últimos 13 meses foi de números negativos, em decorrência do cenário de contração vivido pelo mercado. Para o encerramento do ano as empresas do setor esperam um trimestre mais movimentado para recuperar parte da queda verificada nas vendas em 2022.
O percentual de animais suplementados que emergem das estatísticas é outra preocupação levantada pela Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM). De acordo com a entidade, há um saldo de 76 milhões de cabeças em setembro desse ano, 3,6% menor do que em setembro de 2021. A diminuição sobre o ano passado foi ainda maior se olharmos desde janeiro: 5,2% nos nove meses.
“Observando os estados, existem números que ainda não consigo decifrar o que vem se passando. Ainda mais quando fazemos a conta de quanto cada animal é suplementado na média, insumo comprado dividido pelo rebanho do Estado. Vemos Mato Grosso com 6,4%, 15,3 quilos por animal apenas, Paraná com 14,3% e Mato Grosso do Sul com 35%. Por enquanto, temos apenas pistas, estamos no ciclo de retenção de fêmeas e o rebanho está crescendo mais de 3%. Para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), já são 224,6 milhões de cabeças. O que, aliás, causa muita controvérsia. Precisamos estudar melhor tudo para termos um quadro mais claro”, explica Felippe Cauê Serigati, professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas, pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV e consultor ligado à ASBRAM para análise setorial e conjuntural do mercado de suplementos minerais do Brasil.
O cenário controverso foi confirmado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) que revisou recentemente a metodologia de acompanhamento do rebanho brasileiro, reduzindo o total em 70,4 milhões de cabeças, tomando 2021 como referência. Os dados, que estavam sendo divulgados em 264,2 milhões até setembro, foram revistos para 193,8 milhões de cabeças. Com a revisão da metodologia e, consequentemente, de toda a série histórica, não apenas o dado de 2021, houve uma substituição de toda a base.
Segundo a ASBRAM, a retração deve ocorrer até o fim de 2022. O que pode mudar é o número de acordo com a performance da indústria neste último trimestre. No pior cenário, as vendas chegam a 2,43 milhões de toneladas e o tombo fica em 7,5% sobre as 2,55 milhões de toneladas de 2021.
No panorama mais otimista, serão comercializadas 2,54 milhões de toneladas. Neste caso, a contração marcará 3,2%. Já em um cenário mais realista o ano deverá fechar com 2,5 milhões de toneladas vendidas e o mercado encolhendo 5,4% em relação a 2021.
A verdade é que 2022 está sendo um ano desafiador para a suplementação mineral. Nos anos em que há inversão do ciclo pecuário, e como consequência a queda do preço da arroba, existirão desafios no mercado de suplemento, porque o produtor deixa de investir em tecnologia. Dessa forma a situação é agravada, uma vez que sem a suplementação adequada se perde em produtividade. “E com um menor preço de venda temos que buscar ser mais eficientes na produção, assim investir em suplementação é a solução, pois é a ferramenta certa e de excelente custo/benefício. Para 2023, as perspectivas são de melhora no mercado, buscar sustentabilidade financeira é a chave para manter a atividade economicamente saudável e o ano estará propício para a pecuária”, sinaliza Juliano Sabella, presidente da ASBRAM.
Em bate-papo com a Revista do PecSite, Juliano Sabella fala sobre o ano desafiador para a suplementação mineral animal. Acompanhe a partir da página 18.