Os custos de produção impactaram o lucro dos pecuaristas em 2022, porém, quem investiu em genética conquistou resultados positivos em termos de produtividade, ganho de peso, carcaça e rapidez na terminação para abate. Esta é uma das conclusões do Index ASBIA 2022, completo relatório sobre o setor de genética bovina, elaborado pelo CEPEA a pedido da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia).
“Pecuaristas que investem em melhoramento genético, têm animais com qualidade superior, principalmente em termos de produtividade e redução dos custos, mesmo em períodos desafiadores, como foi 2022. A melhor estratégia para momentos de instabilidade do mercado é ter animais eficientes, que produzem mais, necessitando de menos insumos para o seu desenvolvimento, além de oferecer carne e leite de qualidade”, explica Nelson Ziehlsdorf, presidente da ASBIA.
Essa revolução está em andamento na pecuária brasileira. Segundo dados da Asbia, nos últimos quatro anos, a inseminação artificial cresceu 67% no país, com salto de cerca de 9,3 milhões de doses comercializadas por ano. Com isso, o percentual de fêmeas inseminadas saiu de 10% em 2017 para 21%. “Essa revolução silenciosa impulsiona a cadeia da carne bovina e do leite no país”, ressalta Ziehlsdorf.
Entre 2018 e 2022, os pecuaristas de corte praticamente dobraram a aquisição de sêmen, que passou de 9,6 milhões de doses para 18 milhões de doses. No mesmo período, os produtores de leite adquiriram 21% a mais (de 4,2 milhões para 5,1 milhões de doses). “Esse resultado é extremamente positivo”, diz Cristiano Botelho, executivo da ASBIA. “Mesmo a redução do ritmo de crescimento ocorrida nas vendas em 2022 (9,3% em corte e 8,1% em leite) não preocupa a entidade. “O que importa é a tendência de crescimento da inseminação artificial no país. Acreditamos na utilização da genética estocada nas fazendas e não em redução do uso da técnica, comprovada pelo aumento na comercialização de botijões acima de 20 litros – para armazenagem de grandes quantidades de semen. O uso da inseminação é sólido. Em 2023, certamente acompanharemos a retomada do volume”, diz Botelho.
“Temos de analisar o movimento do mercado no ano passado como ajustes normais. Foi um ano de preços mais baixos para o leite e o boi gordo. Com isso, uma parcela de criadores reduziu investimentos em genética. Isso é perfeitamente normal. Aliás, tem um viés positivo, considerando que a profissionalização da pecuária exige mais aporte de tecnologia, seja em genética, nutrição, sanidade e manejo”, reforça o presidente da ASBIA.
Vários tópicos do balanço do mercado de inseminação artificial de 2022 foram expressivos. Um deles é a exportação de sêmen, que cresceu 2% no ano passado, com 882.085 doses, contra 865.737 doses de 2021. Houve avanço tanto em sêmen para corte (472.426 doses, com crescimento de 1% sobre 2021) como para leite (409.659), com elevação de 3% sobre o ano anterior).
“Destaco o aumento das vendas de sêmen para o continente africano, além dos países da América Latina. Esse resultado valoriza a genética nacional, que ganha espaço no mercado internacional”, complementa Cristiano Botelho.
O Index ASBIA 2022 mostra que no ano passado foram inseminadas 82 milhões de fêmeas (21% do total), sendo 63,9 milhões de corte (24% do rebanho) e 18,1 milhões de leite (11% do rebanho).
Segundo o relatório, 4.464 municípios brasileiros (80,1% do total) utilizaram inseminação artificial no ano passado, o que demonstra a presença nacional da tecnologia. Foram inseminadas 23,5% fêmeas de corte (63.913.087 animais) e 11,3% das fêmeas de leite (18.118.121 animais). No total, 82.031.208 fêmeas foram inseminadas (crescimento de 1% sobre o ano anterior (81.782.766).
Entre os estados, Santa Catarina lidera em uso de sêmen para corte (83,1% do plantel de fêmeas), seguido por Alagoas (79,5%) e Paraná (42,7%).
Em sêmen para leite, a liderança também é de Santa Catarina (24% do plantel de fêmeas), vindo a seguir Roraima (22,8%) e Rio Grande do Sul (22,1%).
Em volume total de uso de semen, a liderança é de Matro Grosso (2.817.425 matrizes inseminadas), seguido por Goiás e Distrito Federal (2.002.465 matrizes inseminadas) e Mato Grosso do Sul (1.956.252 matrizes inseminadas).