Pela primeira vez desde que a demanda chinesa motivou a criação do chamado boi China, mercado interno paga mais que exportação, confirma analista.
Caio Junqueira, especialista em mercado de boi, discutiu a atual dinâmica do mercado de carne bovina no Brasil. Junqueira destacou a crescente importância do mercado interno para a indústria da carne, em contraste com a dependência anterior do mercado chinês.
Junqueira observou que a economia brasileira está se recuperando, com uma diminuição do desemprego e um aumento do consumo interno.
“O mercado interno tem se tornado cada vez mais relevante para a indústria da carne”, disse Junqueira. “Estamos vendo uma recuperação econômica, com mais pessoas voltando ao trabalho e consumindo mais.”
Os frigoríficos de mercado interno têm sido mais ativos nas compras, especialmente durante a virada do mês, de acordo com Junqueira. Ele mencionou que pequenos frigoríficos estavam pagando 260 reais pelo boi na semana anterior, enquanto as grandes indústrias ainda tentavam comprar o boi por 250-255 reais.
Junqueira também discutiu a situação da China, que tem tentado pagar menos pela carne importada. Ele sugeriu que é mais fácil vender um boi de melhor qualidade para o mercado interno do que para a China. Pela primeira vez, desde o início das compras chinesas, boi comum está mais valorizado do que o boi China.
“Embora a China não esteja mais comprando tanto quanto antes, isso não é necessariamente uma tragédia”, disse Junqueira. “A dependência do Brasil era muito grande e a situação atual pode ser mais saudável.”
Junqueira expressou otimismo de que a indústria encontrará novos mercados e que o Brasil continuará a comercializar a carne para o mundo. Ele também sugeriu que o mercado interno pode proporcionar um aumento sustentado, mas gradual, nos preços, em vez de um “choque de demanda” que poderia causar uma volatilidade extrema.
“Esperamos que o governo brasileiro tome medidas econômicas corretas para promover o crescimento e aumentar o consumo interno”, concluiu Junqueira. “Isso poderia levar a um aumento sustentado, mas gradual, nos preços da carne bovina.”