A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) sediou, nesta semana, reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira, com a presença de representantes dos três estados do Sul. O objetivo foi elaborar o Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite, que será apresentado para discussão e homologação de todos os participantes da Aliança, dia 22 de novembro, em Porto Alegre, no último encontro do ano. Posteriormente o Plano será apresentado aos governadores em reunião do CODESUL.
O evento teve como anfitrião o presidente do Sistema Faesc/Senar, José Zeferino Pedrozo, e reuniu um grupo de especialistas do setor lácteo representantes das Secretarias de Agricultura dos três estados do Sul, dos Sindicatos das Indústrias de Laticínios e das Federações de Agricultura de cada estado.
De acordo com dados apresentados na reunião, a produção total de leite no Brasil não cresce desde 2014, pois o consumo interno também não aumentou e os produtos lácteos brasileiros ainda não têm competitividade para exportação por ter custos mais elevados do que os principais países que exportam, como Nova Zelândia, Estados Unidos, Argentina e Uruguai.
As importações de leite no Brasil, no período de janeiro a agosto de 2023, dobraram quando comparadas ao mesmo período do ano passado, tendo origem principal nos países do Mercosul. A quantidade de produtores que reclamam da falta de atenção com o setor aumentou expressivamente e dezenas de propriedades estão encerrando a atividade.
De acordo com Secretaria de Agricultura de SC, os problemas no setor iniciaram em 2017, quando existiam no estado, 70.000 agricultores vivendo do leite, segundo o Censo Agropecuário do IBGE. As mudanças estruturais que estão ocorrendo no setor e as frequentes crises enfrentadas atualmente, reduziram essa quantidade, em 2022, para 23.600 produtores.
O presidente Pedrozo ressaltou a importância do plano ao comentar que o mercado da pecuária de leite vive queda acentuada nos preços. “O cenário tem impactado negativamente os resultados da atividade, com redução das margens da base produtiva e dificuldades em arcar com os compromissos junto às instituições bancárias. Esse plano que estamos elaborando representa mais uma medida essencial para fortalecer o setor produtivo do leite e ajudar a evitar crises recorrentes como essa que atinge os produtores do Sul e de todo o país”, ressaltou.
O dirigente acrescentou que a Faesc e a CNA já estão propondo a criação de linha emergencial de crédito rural para custeio e medidas de saneamento financeiro, não somente do leite como da bovinocultura de corte que também vive um momento difícil.
O coordenador geral da Aliança Láctea Sul Brasileira, Airton Spies, explicou que a elaboração do Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite é um conjunto de ações propostas que atuam sobre os gargalos que a cadeia produtiva tem e que permitem melhorar a qualidade, a eficiência e a produtividade, com redução dos custos de produção. “Queremos tirar o leite brasileiro da estagnação e fazer com que tenha condições de competir com os produtores de outros países que exportam. Ao implantar essas ações, o leite terá condições de participar do mercado de igual para igual e, inclusive, enfrentar as importações e abrir espaço para o crescimento da cadeia produtiva. Esse é um plano que busca traçar os caminhos melhores para o nosso leite”, argumentou.
A cadeia leiteira está presente nos 295 municípios de SC, sendo uma das primeiras em importância social e a terceira em relevância econômica. “Estamos focados em como resolver essa crise. A importação dobrou nos últimos meses e não tem como conviver com esses preços, sem uma proteção aos nossos produtores de leite” comentou Valdir Colatto, secretário da Agricultura de SC.