Comer mais frango em vez de carne pode reduzir as emissões de carbono. É o que conclui um estudo publicado na revista Nature Food na última quinta-feira (26). Segundo o projeto, essas simples substituições — como o leite de vaca pelo leite de soja ou o leite de amêndoa — podem fazer a diferença para o meio ambiente.
Conforme consta no artigo estadunidense, essa mudança de hábito tem potencial para reduzir a pegada de carbono dos alimentos do americano médio em 35%, ao mesmo tempo que aumenta a qualidade da dieta em até 10%. Apesar de o estudo ter sido conduzido nos EUA, serve de norte para outros países.
Os pesquisadores afirmam que a produção de alimentos é responsável por 33% das emissões de gases de efeito estufa dos EUA (país onde foi conduzido o estudo), sendo a produção de carne bovina o principal contribuinte.
No material, os autores afirmam que “a redução das emissões de carbono na dieta é acessível e não precisa ser uma mudança completa no estilo de vida”.
Para chegar a esses dados, os pesquisadores analisaram os hábitos de 7.700 norte-americanos e identificaram alimentos com maior impacto climático. Com isso, o grupo simulou a substituição deles por opções nutricionalmente semelhantes e com menores emissões.
Mudar alimentação reduz emissões de carbono
As maiores reduções projetadas nas emissões foram observadas em pratos mistos: burritos, massas e pratos populares semelhantes, onde é fácil substituir a carne bovina por uma proteína de menor impacto.
A ideia do grupo não era se concentrar em alternativas saudáveis, mas inevitavelmente, foi possível perceber que essa mudança para alimentos com baixo teor de carbono ainda impactou positivamente as dietas, como opções mais saudáveis.
“O nosso estudo mostra que mudar apenas um ingrediente, fazer uma troca, pode ser vantajoso para todos, resultando em mudanças significativas tanto nos resultados climáticos como na saúde das nossas dietas”, conclui o estudo.
Anteriormente, pesquisadores da Universidade de Oxford (Reino Unido) apontaram que a produção de carne impacta o planeta e gera gases que contribuem com o efeito estufa. A conclusão é que reduzir consumo de carne é como tirar 8 milhões de carros das ruas.
O estudo ressalta que não é necessário que todos precisem ser vegetarianos ou veganos para o bem do planeta. A questão é reduzir a quantidade desse tipo de proteína na alimentação diária.
Emissões de carbono
O estudo vem em tempo: as emissões de carbono bateram recorde em 2022. No início de 2023, a Agência Internacional de Energia (IEA) divulgou o relatório global de emissões provenientes do setor energético e revelou um aumento de 0,9% em relação a 2021.
O relatório sobre emissões de carbono apontou 321 milhões de toneladas em 2022, massa comparável à de toda a humanidade somada, totalizando o valor recorde de 36,8 bilhões de toneladas do gás na atmosfera.