“Houve uma redução nos custos de produção, contudo, a diminuição na receita foi maior do que a dos gastos, resultando em uma pressão sobre as margens da bovinocultura de corte.” A avaliação é do presidente da comissão científica do Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL), Claiton André Zotti. O integrante do Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) compreende o ano de 2023 como um desafio para a bovinocultura de corte no país.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulgou, em novembro passado, dados do Valor Bruto da Produção (VBP) que caiu para R$ 131,6 bilhões em 2023, apontando redução em relação aos R$ 147,4 bilhões de 2022, R$ 151,1 bilhões de 2021 e R$ 148,2 bilhões de 2020. Ponderações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostraram que a arroba do boi gordo chegou a ser negociada acima de R$ 300 ainda em fevereiro. No entanto, para o fim de agosto, a operação foi abaixo de R$ 200.
A redução no desempenho da pecuária de bovinos para corte acarreta consequências econômicas desfavoráveis para o Brasil. “Essa atividade é responsável por proporcionar empregos, renda e arrecadação de impostos para o país. Além disso, a carne bovina configura-se como um produto relevante nas exportações brasileiras”, apontou Zotti.
De acordo com as projeções, a produção de carne bovina no próximo ano deve registrar um discreto aumento de 0,2% em comparação a 2023. Os valores da arroba do boi gordo no Brasil permanecerão influenciados pela alta taxa de abate e pela demanda interna moderada.
Em 2024, Zotti projeta que a capacidade de investimento dos produtores será baixa. “Isso ocorre porque os produtores terão que usar seus recursos para cobrir os custos de produção e manter a atividade em operação. Para melhorar a rentabilidade da bovinocultura de corte, os produtores e técnicos terão que melhorar os processos produtivos e refinar a gestão da propriedade.”