A Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá (PR), planeja investir até R$ 1 bilhão neste ano, e metade desse montante deve ser destinado a um projeto de expansão da capacidade de esmagamento de soja para produzir biocombustível. O restante dos aportes será usado na ampliação da capacidade de estocagem da cooperativa. Em 2023, os investimentos realizados pela Cocamar ficaram na casa dos R$ 315 milhões.
O presidente da Cocamar, Divanir Higino, disse que o objetivo é ampliar em 50% a capacidade de processamento de soja da fábrica em Maringá, chegando a 1,5 milhão de toneladas por ano. O óleo produzido será destinado à produção de biodiesel e óleo vegetal para consumo no mercado interno. O farelo de soja, por sua vez, será direcionado à produção de ração e à exportação.
Segundo ele, a expectativa é de aquecimento da demanda no mercado interno por óleo com a decisão do governo de elevar o percentual de mistura do biodiesel no diesel, de 12% para 14% a partir de março, e para 15% em 2025.
A Cocamar, que é a quarta maior cooperativa do Paraná em faturamento, estima produzir 200 mil toneladas de óleo bruto neste ano. Do total, 80 mil toneladas serão destinadas ao biodiesel, 70 mil toneladas vão para o varejo e o restante será exportado ou vendido para indústrias. Em 2023, a cooperativa quase não produziu biodiesel, segundo Higino.
“Precisamos pensar bem no momento de fazer a ampliação porque vai exigir que a fábrica fique paralisada por três meses. O mais provável é que a ampliação seja feita entre o fim de 2024 e início de 2025”, afirmou o executivo.
Ele acrescentou que aguarda a divulgação do próximo Plano Safra para saber se haverá novas condições de financiamento para o ciclo 2024/25. “O crédito rural historicamente era de 30% a 40% mais barato que o crédito tradicional, mas nos últimos planos não vimos mais isso”, lamentou.
Outro foco de investimentos da Cocamar é na ampliação da capacidade de armazenagem de grãos em 400 mil toneladas, para 2,5 milhões de toneladas. A cooperativa está investindo R$ 200 milhões na construção de estruturas em Água Boa (MT) para armazenagem com capacidade 150 mil toneladas. O projeto é financiado com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). A cooperativa também está ampliando a capacidade de armazenagem em 200 mil toneladas na região de Maringá.
A despeito da quebra da safra de soja na região de atuação da Cocamar no Paraná, a cooperativa projeta receber um volume maior este ano. A previsão é de 2,5 milhões de toneladas de soja, 200 mil toneladas a mais que em 2023. “A queda de safra na nossa região do Paraná está consolidada em 20%. A gente espera compensar essa queda com melhora no recebimento no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e em São Paulo”, disse Higino.
A expectativa também é receber mais milho: 1,9 milhão de toneladas, 200 mil toneladas a mais que em 2023. Para o trigo, a estimativa é receber de 140 mil a 150 mil toneladas — em 2023, foram 141 mil toneladas.
Com a colheita recorde de 2023, a Cocamar gastou mais com aluguel de armazéns e contratação de fretes para dar vazão à produção dos cooperados. “Poderíamos ter feito um resultado melhor se os preços estivessem mais altos e se não tivéssemos gastado tanto com logística”, afirmou Higino.
A cooperativa encerrou 2023 com receita bruta de R$ 13 bilhões, 17,1% mais que no ano anterior. As sobras (equivalente ao lucro nas cooperativas) somaram R$ 602,9 milhões, 1,9% abaixo de 2022. Foram distribuídos aos cooperados R$ 122,7 milhões em sobras (17% mais que no ano anterior). O valor restante é reinvestido na cooperativa. Para 2024, a meta da Cocamar é faturar R$ 14,2 bilhões e, em 2025 atingir R$ 15 bilhões.
A cooperativa, que representa a John Deere nas regiões de Londrina e Apucarana (PR), também espera ampliar as vendas de máquinas agrícolas para R$ 1 bilhão neste ano, depois de ter comercializado R$ 851 milhões em 2023. “O faturamento em janeiro foi de R$ 100 milhões. Muitos produtores seguraram a troca de máquinas em 2023, e agora precisam de maquinário para colheita”, disse Higino.