As exportações brasileiras de sêmen bovino ganharam um novo alento com a abertura do mercado da Índia, maior produtor mundial de leite. A Alta Genetics, empresa de origem canadense que lidera o mercado de melhoramento genético bovino, exportou 40 mil doses de sêmen da raça gir leiteiro para a Índia. O valor da operação é mantido em sigilo.
“A exportação para a Índia é um primeiro passo para um grande volume de encomendas que pode surgir, com encomendas da Índia e também do Paquistão”, diz o diretor-executivo da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), Cristiano Botelho.
Segundo a Asbia, atualmente 77% dos embarques vão para Bolívia, Costa Rica, Colômbia, Equador e Paraguai. Do total exportado, 90% são de raças zebuínas puras ou cruzas de zebu, raça que predomina na Índia.
No ano passado, de acordo com a Asbia, o Brasil exportou 873,7 mil doses de sêmen bovino, uma retração de 1% em relação a 2022.
Botelho afirma que houve recuperação nas vendas totais de sêmen bovino no quarto trimestre, e que esse movimento deve se manter neste ano. As vendas totais (mercados doméstico e externo) em 2023 somaram 25 milhões de doses, uma queda de 3,7% no ano. As vendas de sêmen para pecuária leiteira cresceram 6% e para pecuária de corte caíram 5%. A pecuária de corte responde por mais de 75% do sêmen vendido no Brasil.
“O pecuarista, principalmente de corte, entende que estamos saindo do momento de preços baixos e indo para uma fase de preços mais firmes. E a inseminação artificial é imprescindível para a lucratividade nesse momento”, avalia.
A Alta Genetics estima um crescimento de 4% a 5% do mercado doméstico neste ano. Em relação às exportações, a companhia espera que a Índia faça novas encomendas. O país produz hoje em torno de 200 bilhões de litros de leite por ano e tem como meta alcançar mais de 300 bilhões de litros por ano em dez anos. “Para crescer nesse patamar é fundamental investir em genética”, afirma Heverardo Carvalho, diretor da Alta Genetics.
As negociações com a Índia para o primeiro embarque levaram quatro anos. Só o processo de coleta demorou dois anos. “É preciso fazer uma série de exames e esperar 120 dias para a coleta do sêmen. Depois disso, é preciso esperar mais 120 dias e fazer novos exames”, explica Carvalho.
Apenas quatro touros foram selecionados, por atenderem todas as exigências dos indianos. Foram considerados o temperamento dos animais, a genotipagem de Beta-Caseína A2A2 e diferenças entre famílias. Os touros escolhidos foram o Ivã FIV de Brasília, do produtor Luiz Eduardo Branquinho e da Alta Genetics; Haroldo Genipapo, do produtor Paulo Roberto Andrade Cunha; Trovão FIV Santa Edwiges, da Alta Genetics; e Espetáculo FIV, da Tropical Genética.
“Tivemos que atender exigências da cooperativa que fez a compra e do governo da Índia, inclusive exames de doenças que não existem no Brasil, o que nos obrigou a importar os testes”, acrescenta.