Produtores de leite de Dom Pedrito (RS), município na fronteira com o Uruguai, realizaram um protesto nesta semana cobrando soluções para a falta de energia na zona rural, que vem causando prejuízos às suas atividades. Muitos permaneceram mais de 14 dias sem luz devido a quedas de postes causadas pelas chuvas intensas das últimas semanas no Rio Grande do Sul.
Em frente à sede municipal da CEEE Equatorial, concessionária de energia no município, os produtores distribuíram leite à população. O produto não pode ser armazenado porque, sem energia, os tanques de refrigeração não funcionam.
Um dos mais afetados foi Marcio Froehlich, que produz leite e queijo em uma propriedade de 34 hectares. Devido à queda de dois postes e outras estruturas, ele ficou nove dias sem energia elétrica em sua propriedade, e teve que jogar fora 3,5 mil litros de leite, além de toda a produção de queijo que tinha.
“Sem energia, a câmara fria não funciona, e o gerador sozinho não deu conta. Não tem condições sanitárias de armazenar o produto”, lamenta.
Segundo Froehlich, o prejuízo na produção devido à falta de energia foi de mais de R$ 20 mil. No entanto, somando gastos com o combustível para o gerador, perdas de ração e pastagem e estragos nas estruturas da propriedade, que também foi afetada por queda de granizo, as perdas podem chegar a R$ 150 mil.
“Esse é um valor muito alto para um pequeno produtor. Vou tentar retomar os prejuízos com a falta de energia com a concessionária. Se não houver acordo, vou entrar na Justiça”, afirma.
O descontentamento com o fornecimento de energia na zona rural do município pela CEEE Equatorial é frequente, informa o presidente do Sindicato Rural de Dom Pedrito, José Roberto Weber.
“Temos 2,2 mil propriedade rurais e mais de 3 mil quilômetros de estradas vicinais, mas a empresa não possui aqui um único caminhão para transportar postes para substituir os que caem”, reclama Weber.
O produtor também se queixa da demora causada pela burocracia para resolver os problemas. “Eles têm que primeiro fazer um levantamento dos estragos, depois um planejamento de execução e só então fazer as obras necessárias. É mais burocrático que o poder público”, pontua.
O presidente do Sindicato Rural afirma que o problema já foi relatado diversas vezes à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ao governo do Estado e ao Ministério Público, mas segue sem solução pelas autoridades e pela concessionária.
“É uma situação muito grave e não sabemos mais o que fazer. Nesse último protesto foi preciso chamar a polícia porque os produtores queriam bater nos funcionários da CEEE Equatorial. Eles não têm culpa, mas a revolta é muito grande.”