Redução do potencial de ganho de peso, emagrecimento e até morte, essas são as consequências da resistência anti-helmíntica nos bovinos
Gestão eficiente com controle de custos e monitoramento de perdas são algumas das medidas necessárias para garantir a produtividade das fazendas. Em termos de sanidade, o controle permanente dos parasitas é fundamental para manter a saúde e bem-estar animal e assegurar o sistema produtivo.
A resistência antiparasitária nos planteis, que tem crescido nos últimos tempos, vêm tornado a vida dos pecuaristas mais complicada porque, muitas vezes, não há a percepção de que a produtividade está sendo prejudicada por tratamentos ineficazes contra os parasitas.
A resistência anti-helmíntica é um fenômeno no qual os parasitas gastrointestinais, carrapatos, vermes e moscas, desenvolvem meios de sobreviver ao tratamento com os medicamentos antiparasitários que antes eram resolutivos. Conforme dados amplamente divulgados, pela Embrapa, as perdas provocadas por verminoses podem ser de 20% a 30% na produção de leite e de carne.
O médico-veterinário e professor Fernando Almeida Borges, docente da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) acrescenta que as consequências da resistência anti-helmíntica vão desde a redução no potencial de ganho de peso dos animais, com emagrecimento extremo, até mesmo a morte. Porém, ele ressalta que “de maneira geral, essas perdas são imperceptíveis, pois mesmo animais não vermifugados podem continuar ganhando peso, e esse é o grande desafio”.
“Considerando que já há elevado nível de resistência aos produtos mais usados pelos pecuaristas brasileiros, há décadas, e que esse inimigo invisível está causando essa redução no potencial de produção dos animais há muito tempo, a impressão que o pecuarista tem é que seu esquema de controle de verminose é adequado, mas muito provavelmente, não é. Os resultados de pesquisas em todas as regiões brasileiras indicam que as avermectinas (ivermectina, doramectina, eprinomectina e abamectina), não são mais eficazes contra a verminose”, esclarece o professor Borges.
A resistência pode surgir devido ao uso frequente e inadequado de anti-helminticos, permitindo que os parasitos resistentes sobrevivam e se reproduzam, e com o tempo cria-se uma população totalmente resistente aos antiparasitários.
Dentre as estratégias utilizadas para minimizar o problema de resistência anti-helmíntica estão o monitoramento permanente para observar sinais de resistência, como ganho de peso e índices na reprodução. Se necessário, deve-se mudar o medicamento, é importante usar a dose recomendada, conforme o peso do animal. Também é preciso adotar formas integradas de controle dos helmintos, otimizando a utilização dos medicamentos e verificar mecanismos de ação da classe do produto, para entender se atuam de forma distinta no parasito.