O preço médio do leite no Brasil, medido pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apresentou alta de 3,3% em setembro, alcançando R$ 2,8657/litro, o maior valor desde o início de 2024. Contudo, projeções preliminares indicam que em outubro o mercado inverteu a tendência, com uma queda estimada de cerca de 2% no preço médio.
A alta registrada em setembro foi impulsionada pela forte competição entre laticínios e cooperativas, em um cenário de oferta limitada pela seca que afetou regiões como Sudeste e Centro-Oeste. Mesmo diante das adversidades climáticas, a captação de leite cresceu 8,3% de agosto para setembro, conforme o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea, com as indústrias buscando reabastecer estoques baixos.
Em outubro, o retorno das chuvas melhorou as condições das pastagens, aumentando a oferta de leite cru. Paralelamente, a valorização dos derivados lácteos, como o leite UHT e a muçarela, perdeu força no mercado atacadista paulista a partir da segunda quinzena de outubro, pressionando ainda mais as cotações.
Além disso, o leite spot, referência para o mercado, também enfrentou desvalorização. Em Minas Gerais, por exemplo, a média mensal de outubro foi de R$ 3,22/litro, mas recuou para R$ 2,96/litro na primeira quinzena de novembro, um declínio acumulado de 8%.
Segundo o Cepea, o setor enfrenta incertezas devido à instabilidade do mercado e ao aumento dos custos de produção, especialmente com nutrição animal. Essa conjuntura tem dificultado o planejamento de agentes do setor, que lidam com margens estreitas e uma perspectiva de maior volatilidade nos próximos meses.
Essa retração coloca o mercado de lácteos em alerta, com impacto tanto para produtores quanto para indústrias, que buscam estratégias para lidar com a oscilação de preços e a imprevisibilidade do mercado.