As cadeias globais de valor de proteína animal estão passando por um processo de transformação que conta com fatores tecnológicos, demandas de sustentabilidade e desafios geopolíticos. Ao mesmo tempo que os diversos atores da cadeia, dispersos geograficamente, colaboram para otimizar a eficiência, essa conexão global também aumenta a vulnerabilidade a choques externos, como crises sanitárias ou conflitos comerciais.
Quem explicou essa questão com exclusividade para a MundoAgro foi Sabrina Navarrete, professora da FIA Business School. Ela detalha que grandes avanços têm sido fundamentais para o setor, como os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para o melhoramento genético e a adoção de tecnologias digitais, como blockchain e IoT, que têm melhorando a rastreabilidade da cadeia, reduzindo perdas e ampliando a transparência. “No entanto, o setor segue enfrentando uma crescente pressão regulamentar e de mercado, que demanda, por exemplo, a redução das emissões de gases de efeito estufa, o fim do desmatamento e o uso sustentável de recursos naturais na produção”, afirma.
De acordo com Sabrina, além disso, as preocupações e discussões sobre o bem-estar animal nas cadeias de proteína se tornaram cada vez mais frequentes, e necessárias, o que contribui para a reestruturação de práticas de produção e manejo, afetando os custos e impactando na percepção de valor pelo consumidor final. “A crescente demanda por proteína animal exige, cada vez mais, produtos de qualidade, com segurança alimentar comprovada e produzidos de acordo com boas práticas socioambientais e de bem-estar animal. Contudo, barreiras comerciais e questões geopolíticas, como tarifas e sanções, podem afetar a competitividade dos produtos. Para enfrentar estes desafios, é essencial a diversificação de mercados e adaptação às exigências locais”, afirma.
A adoção de novas práticas e ferramentas tecnológicas será essencial para garantir a competitividade, produtividade e sustentabilidade no setor
O uso de soluções em cloud computing tem transformado a gestão no agronegócio, trazendo mais agilidade, eficiência e segurança para suas operações. A tecnologia permite o armazenamento e acesso a dados em tempo real, otimizando processos como controle financeiro, rastreabilidade de produtos, gestão de associados e planejamento estratégico.
Além disso, a cloud facilita a integração entre diferentes filiais e setores, promovendo maior colaboração e tomada de decisões baseadas em dados. Segundo Michel Breyer, Product Owner do Agronegócio na Senior Sistemas, por exemplo, essa tecnologia pode melhorar o monitoramento, o gerenciamento de estoques e a comunicação com os associados, contribuindo para uma gestão mais moderna e competitiva no mercado.
“Diante do aumento da complexidade das atividades agrícolas e a necessidade de aprimorar a eficiência, a importância da automação dos processos se faz cada vez mais necessária. Recursos como sistemas de gestão integrados, inteligência artificial e análise de dados podem mudar a forma como o setor administra a produção, estoque e distribuição”.
Segundo Breyer, a automação ajudará a reduzir erros, otimizar recursos e aumentar a produtividade, permitindo uma adaptação mais rápida às mudanças do mercado e na tomada de decisões, sendo estas mais assertivas, baseadas em dados concretos. “Ao incorporar inovação e gestão, contribuímos para que o agronegócio integre suas operações, aumente a eficiência operacional e reduza custos, criando um ambiente mais ágil e competitivo”, pontuou o profissional.
Ainda de acordo com ele, o sucesso do segmento estará diretamente ligado à sua capacidade de inovar e se adaptar. “Adotar novas tecnologias e fortalecer a colaboração são caminhos essenciais para garantir não apenas a sobrevivência, mas também o crescimento e a relevância do cooperativismo no Brasil e no mundo. Agora é o momento de agir”, finalizou Breyer.