Acredito que, atualmente, grande parte dos executivos entende o conceito ESG (questões ambientais, sociais e de governança), termo que surgiu no mercado financeiro como uma forma de cobrar as grandes corporações para a integração desses aspectos no mercado de capitais. Mas o que tem sido pouco abordado é o quanto a gestão de gastos corporativos pode interferir, de forma positiva, nos resultados das ações que visam o desenvolvimento de um negócio sustentável.
Uma boa gestão financeira pode aprimorar o desempenho ESG de qualquer companhia em vários aspectos. Quando assumimos 100% o controle dos gastos corporativos, possibilitamos, por exemplo, que recursos que estavam sendo utilizados de forma incorreta sejam investidos em ações socioambientais, potencializando os compromissos com o meio ambiente e com a sociedade.
Além disso, em termos de governança, a gestão de gastos pode ajudar a garantir a transparência e a responsabilidade financeira da empresa por meio da adoção de políticas de controle de despesas e de relatórios financeiros claros e precisos, aprimorando o diálogo entre a estrutura de governança corporativa e seus stakeholders como investidores, acionistas, colaboradores e o mercado.
Por meio desta transparência, é possível ainda criar métricas, entender o quanto a empresa está investindo não somente em seus funcionários e operações, mas em tudo o que está sendo adquirido para dentro da corporação, possibilitando uma maior eficiência financeira. Vale lembrar que qualquer tipo de redução de consumo exacerbado já é algo positivo em termos de iniciativa ESG.
Para termos uma ideia do quanto isso é importante, uma pesquisa da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) mostrou que um dos maiores riscos de governança corporativa para as empresas atuais está na falta de comunicação (59%), de clareza na comunicação com os stakeholders (50%) e na demora em divulgar informações relevantes (37%). Ou seja, ter dados claros, confiáveis e acessíveis é essencial para quem busca melhorar sua comunicação e seu processo de prestação de contas, visando uma governança corporativa otimizada e evitando, inclusive, fraudes e resultados falhos.
Outro ponto que não podemos esquecer é que muitas empresas têm recursos financeiros limitados que precisam ser alocados de forma mais eficiente, em investimentos que realmente façam sentido para a evolução dos negócios. E, neste caso, controle de gastos é ainda mais importante.
Por fim, quando uma empresa é organizada e transparente sobre seus gastos, ela conquista a confiança de acionistas, clientes, fornecedores, funcionários e de todo o mercado, demonstrando uma postura ética e responsável e ampliando a lealdade e comprometimento dos stakeholders com a companhia.
Sobre a autora:
Liliane Czarny é sócia e CMO da Pagcorp, fintech que fornece um sistema completo de descentralização e gerenciamento de gastos corporativos integrados com cartões pré-pagos