A Aliança Láctea Sul-Brasileira se reuniu, na segunda (21), na sede da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), em Florianópolis, para discutir os desafios e a importância da exportação de leite para aumentar a competitividade da cadeia produtiva.
A Aliança foi criada em 2014 com o objetivo de desenvolver e fomentar a implementação de um plano para harmonizar o ambiente produtivo, industrial e comercial dos três estados da região Sul. Na ocasião, foi aprovada a adesão do estado do Mato Grosso do Sul ao fórum.
A reunião contou com a presença de especialistas do setor lácteo, representantes das Federações de Agricultura dos quatro estados e de indústrias de laticínios, o presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, destacou a importância da Aliança para aproximar o setor produtivo da indústria e conhecer a realidade de cada um.
“Em 2024 celebramos dez anos desse grupo que tem o poder de comando e de unir as pessoas. No encontro, discutimos temas relevantes para o setor lácteo, como os impactos das importações de leite em pó dos países vizinhos”, disse.
O principal assunto da pauta da reunião foram os desafios da cadeia produtiva de leite brasileira frente ao mercado mundial. O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, afirmou que o país precisa ganhar escala de produção e começar a exportar para se tornar mais competitivo no exterior.
“O investimento do produtor é muito alto e já começa pela genética e compra de equipamentos. Então precisamos avaliar os principais gargalos, buscar soluções e abrir mercados para manter o produtor de leite na atividade”.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso do Sul, Marcelo Bertoni, ressaltou que a entrada do estado na Aliança, a pedido do governador Eduardo Riedel, mostra a preocupação em impulsionar a atividade que garante renda e o sustento de milhares de famílias.
“O Senar/MS é um grande parceiro dessa cadeia. A Assistência Técnica e Gerencial já atendeu mais de 2 mil produtores de leite e no momento são atendidos cerca de 800 produtores. Entrar na Aliança Láctea Sul-Brasileira é mais um passo importante para a evolução do setor leiteiro em Mato Grosso do Sul”.
Para o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi, a reunião foi importante para reunir os representantes dos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e também do Mato Grosso do Sul para discutir a possibilidade de o Brasil colocar os produtos lácteos no porto e exportar.
Durante os debates, o coordenador de Inteligência Comercial da CNA, Felipe Spaniol, falou sobre os principais gargalos do setor lácteo, que envolvem altos custos de produção, qualidade dos produtos, desafios logísticos, entre outros. Segundo Felipe, o Brasil precisa acessar novos mercados, reduzindo as tarifas de importação por meio de acordos comerciais para desenvolver o setor.
“Sem dúvida, uma forma de acabar com a estagnação da produção interna, que já dura mais de dez anos, é o mercado externo. E para atingir esse objetivo, é necessário adotar o plano de desenvolvimento da competitividade da cadeia láctea e trabalhar em cima desse propósito para alcançar o mercado internacional. Isso pode fazer a diferença no aumento da competitividade do nosso produto”, explicou Spaniol.
Por fim, o assessor técnico da Confederação, Guilherme Souza Dias, defendeu o aumento da competitividade dos fatores de produção como um todo, seja dos animais, da terra, da mão de obra, além de políticas de bonificação que contribuíam para aumentar o teor de sólidos do leite, que consequentemente vai melhorar o rendimento industrial e, portanto, a eficiência da cadeia produtiva.
Em sua fala, Guilherme citou a necessidade de dados estatísticos e informações em tempo real em relação à destinação do leite captado no Brasil ou mesmo captação mensal de leite, para permitir o acompanhamento do desempenho da produção nacional e auxiliar na criação de políticas públicas que colaborem com a mitigação dos impactos adversos de mercado no campo.
A criação de um mercado futuro para o leite brasileiro também foi abordada pela CNA. A entidade constituiu um Grupo de Trabalho para discutir mecanismos a fim de nortear a comercialização futura da produção. “A ferramenta deve possibilitar não somente a previsibilidade de preços ao produtor, mas também ferramentas de hedge para que produtores e industrias conheçam os custos e as receitas, permitindo assim mais segurança para a alocação de investimentos”, defendeu Dias.
A CNA também falou sobre o projeto Agro.BR, que ajuda pequenos e médios produtores a começar a exportar seus produtos com maior valor agregado. “A gente precisa replicar essas iniciativas e atrair investimentos, sejam em plantas industriais ou formação de clusters produtivos que cumpram com uma melhor eficiência logística para o direcionamento dos lácteos brasileiros aos portos”, disse o assessor técnico.