A redução do metano (CH4), que entrou na mira da guerra global contra a crise climática, pode encontrar na pecuária uma importante aliada. Dados da GA+Intergado, duas das mais relevantes empresas de tecnologia focadas na gestão da informação e da precisão na pecuária, mostram que é possível mitigar a emissão de gases de efeito estufa a partir da troca de animais comuns por rebanhos mais eficientes na utilização de alimentos aliado a outros fatores, como melhoria na dieta (ração), manejo de pastagem e maturidade na gestão.
Pensando nisso, a GA+Intergado lança o Simulador da Troca de Rebanho, uma plataforma online e gratuita que permite aos produtores e ao público em geral calcular e simular cenários, mostrando como a troca progressiva do rebanho comum por rebanhos de genética mais eficiente reduz o metano na atmosfera e, principalmente, o custo de produção (nutrição animal). O simulador faz parte do “Rebanho Verde e Amarelo”, movimento promovido pela GA+Intergado que reúne criadores, multiplicadores e produtores de eficiência, bem como empresas, entidades, profissionais do mercado e público em geral que se dedicam à difusão de uma pecuária mais rentável e sustentável. A ferramenta pode ser acessada gratuitamente aqui e apresenta as diferenças de consumo, custo de produção e de emissão entre o animal comum e o animal eficiente e o impacto dessa diferença no sistema produtivo de confinamento.
Atualmente, 73% das emissões nacionais de metano estão direta ou indiretamente ligadas à produção rural e ao manejo de terra, de acordo com dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Remoções de Gases de Efeito Estufa. Desse total, a produção de bovinos domina as emissões do agro: a criação de bois e vacas responde por 75% das 577 milhões de toneladas emitidas pelo setor, divididas entre gado de corte (65,6%) e de leite (9,3%).
“O que diferencia um animal eficiente de um animal comum é a sua capacidade de atingir desempenho similar ao de seus contemporâneos consumindo menos alimentos. Esta capacidade gera um impacto importante na redução dos custos com nutrição e também reduz os gases emitidos pelo animal. Colocar animais mais eficientes no sistema produtivo gera um impacto de redução da emissão em toda a cadeia, já que a mesma quantidade de insumos pode alimentar mais animais, permitindo um aumento na produção sem aumentar a emissão de gases de forma significativa. O simulador veio para tangibilizar em números os benefícios produtivos e ambientais de se fazer essa troca”, pontua Luigi Cavalcanti, médico-veterinário e chefe de pesquisa e desenvolvimento da GA+Intergado.
O pesquisador reforça que existe um grande empenho do setor pecuário em reduzir seus impactos desenvolvendo diferentes tecnologias na genética, na nutrição, no manejo das pastagens e no processo produtivo e que, associadas são capazes cumprir a meta e tornar a pecuária brasileira líder mundial em sustentabilidade.
A GA+Intergado simulou dois cenários, em um cálculo que contempla o número de 15 mil cabeças, com previsão de 105 dias de confinamento. O peso médio de entrada dos animais é de 450kg, com valor de dieta de R$2,20/kg e um consumo de matéria seca de 9kg/dia.
No cenário 1, foi previsto uma troca de 50% do rebanho no 1º ano, resultando uma economia de R$426.890 mil/ano e uma redução de 1,08 toneladas na emissão de gases metano/ano.
O simulador realiza também uma projeção para os próximos 10 anos, resultando em uma redução de R$8,08 milhões de economia com a dieta e 22,56 toneladas a menos de metano.
No cenário 2, projetamos a troca de 100% do rebanho comum pelo eficiente, resultando em R$ 853.140 mil/ano de economia com a alimentação e 2,67 toneladas a menos de metano emitidas na atmosfera. Neste cenário, a economia em 10 anos seria de R$8,54 milhões e redução de 27,36 toneladas de metano.
As simulações mostram que uma pecuária mais sustentável é possível e viável. Porém, é necessário que produtores brasileiros, desde os pequenos, tenham acesso e incentivo ao uso de tecnologias modernas e sustentáveis.