A Argentina anunciou uma suspensão por 30 dias das exportações de carnes, em meio a preços em alta que geraram no governo preocupação com a perda de controle da inflação antes de eleições para o Congresso no final do ano.
O governo disse na segunda-feira que vai implementar a medida emergencial devido ao “sustentado aumento no preço da carne bovina no mercado doméstico”, confirmando informação antecipada à Reuters por fontes da administração federal e da indústria mais cedo.
O governo acrescentou que durante a suspensão de 30 dias serão implementadas outras medidas para melhorar a regulação das exportações de carnes. O veto às exportações pode eventualmente ser reduzido para período menor se outras medidas tiverem sucesso em reduzir preços.
“As exportações foram fechadas. Amanhã vamos continuar negociando com o governo”, disse uma fonte do setor de carnes da Argentina ligada à associação de exportadores ABC, acrescentando avaliar que a medida é um erro mesmo em meio ao cenário de alta de preços.
Após o anúncio da medida, a brasileira Marfrig, líder global em produção de carne bovina, disse que suas operações na Argentina representaram 3,2% da receita líquida consolidada no primeiro trimestre.
“Assim sendo, o impacto direto desta restrição se limita a 1,3% da receita líquida consolidada, representada pelas exportações argentinas no período”, afirmou a companhia em comunicado ao mercado, nesta terça-feira.
A Minerva, com atuação em outros países da América do Sul além da Argentina, tem a opção de compensar suas vendas a partir da produção em outras nações. Procurada, a empresa não comentou.
Nos últimos anos, a Argentina vinha ampliando as exportações de carne, especialmente para a China, ajudando a impulsionar o setor, mas também gerando temores de que os embarques em alta pudessem pressionar os preços domésticos.
O governo peronista do país busca defender sua forte posição no Congresso nas eleições no final do ano e aumentar sua popularidade com os eleitores, atingida pela pandemia de coronavírus.
A Argentina é a sexta maior produtora global de carne bovina e foi em 2020 o quinto maior exportador, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.