Se a China retomar as compras de carne bovina do Brasil neste momento, as margens de lucro dos pecuaristas podem melhorar, avalia o consultor de mercado da Scot Consultoria, Hyberville Neto.
“A janela de maior oferta de gado já passou, assim como a janela de mandar mais carne para a China, mas estamos em um momento de menor oferta e alta de preços”, afirmou. E acrescentou que o aumento das compras nesse cenário de tendência altista de preços pode ser positivo para que os produtores recuperem os prejuízos verificados nos meses anteriores.
Quanto ao próximo ano, ele estima uma oferta de gado terminado pouco maior que a de 2021 e uma tendência de aumento no peso das carcaças de boi negociadas. Neto participou ontem de painel no Encontro de Analistas da Scot.
Suínos – A recomposição dos estoques de suínos da China é uma realidade, mas o crescimento concomitante do consumo ainda deixa em aberto o mercado para o Brasil, disse o diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua, que também participou do Encontro de Analistas da Scot. “A China está crescendo entre 5% e 6% ao ano, e mesmo que retome a produção de 55 milhões de toneladas de carne suína por ano [mesmo volume antes da Peste Suína Africana], há uma pressão para que esse número supere os 60 milhões de toneladas”, destacou.
Nesse sentido, conforme a economia do País avança e estimula o consumo, ele acredita que ainda haverá espaço para a suinocultura brasileira, ainda que a produção local siga avançando.
“Também há possibilidade de crescimento das exportações para outros países da Ásia, com relação às três carnes que o Brasil exporta, de maneira geral”, afirmou. A peste suína africana mudou o cenário da China, e pode mudar também nas Américas, diz Rua, citando os dois casos confirmados da doença na República Dominicana e no Haiti.