Um fornecedor de produtos agropecuários confiável, sustentável e capaz de elevar substancialmente a sua produção sem comprometer a qualidade de suas exportações. Foi dessa forma que os empresários do agronegócio brasileiro e representantes do ministério da Agricultura apresentaram o setor a importadores chineses em um evento que reuniu os dois lados em Pequim.
A delegação de mais de 100 empresários e produtores agrícolas está há uma semana na capital chinesa e mantém compromissos na cidade apesar do cancelamento da visita de Estado do presidente Lula por motivo de saúde.
Secretário de Comércio e Relações Internacionais do ministério da Agricultura, Roberto Serroni Perosa transmitiu aos chineses o “grande abraço” do presidente Lula e explicou que o objetivo da missão brasileira é restabelecer as relações de fraternidade com a China, depois dos “problemas diplomáticos” que comprometeram as relações bilaterais nos últimos quatro anos, em referência ao governo de Jair Bolsonaro. “Com isso, com certeza melhoraremos as relações comerciais”, declarou.
O secretário assegurou que o Brasil pode fornecer um volume maior de produtos de qualidade para alimentar a população chinesa. Citando estudos da Embrapa, apontou que, que além dos 77 milhões de hectares já cultivados em duas safras, o Brasil tem condições de explorar outros 30 a 35 milhões de hectares em áreas não plantadas.
Cerca de 400 pessoas, entre empresários do Brasil e da China, participaram do evento nesta segunda-feira. Em seu discurso, Luis Rua, diretor de mercados da ABPA, associação que reúne produtores brasileiros de aves, suínos e ovos, reforçou que o Brasil tem capacidade de oferecer produtos de qualidade aos chineses pela abundância de seus recursos naturais, clima favorável e também por cumprir rigorosamente os requisitos sanitários. Ele destacou que a produção agrícola brasileira aumentou nos últimos anos sem que fosse necessário ampliar a área plantada. Também observou que o Brasil nunca registrou caso de influenza aviária e está livre da peste suína africana.
Luis Rua observou ainda que, embora a China já represente praticamente um terço das exportações do agronegócio brasileiro, há espaço para ampliar o comércio, já que, no caso do frango, por exemplo, apenas 4% do consumo chinês é fornecido pelo Brasil. Em suínos, a participação brasileira é de 1%.
Hoje, o Brasil tem 47 unidades habilitadas para vender carne de aves ao mercado chinês, e 17 unidades para exportar porcos. Conforme o representante da ABPA, as oportunidades podem aumentar se Pequim reconhecer o Rio Grande do Sul e o Paraná como fornecedores de carne suína livres de febre aftosa sem vacinação.