O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse ontem (22),que o Brasil suspenderá as exportações de carne bovina à China de forma voluntária, após a confirmação de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) – doença popularmente conhecida como “mal da vaca louca” – em um animal de nove anos no Pará. A medida é prevista em protocolo assinado pelos dois países em 2015. “Vamos suspender as certificações para exportação da carne brasileira temporariamente. Iremos cumprir o protocolo. A equipe técnica está trabalhando para isso e será feito de hoje para amanhã”, disse Fávaro, em entrevista exclusiva ao Broadcast Agro.
De acordo com o governo, as características do animal e da criação apontam para é a de que seja um caso atípico (ou seja, que surge de forma espontânea no organismo do animal, sem risco de disseminação no rebanho nem ao ser humano). A tipificação do caso será confirmada pelo laboratório da Organização Mundial de Saúde Animal (Omas) em Alberta, no Canadá.
A China é o principal destino das exportações de carne bovina brasileira, respondendo por 70% dos embarques brasileiros. Um protocolo assinado pelos países em 2015 prevê a comunicação imediata à China sobre a identificação da doença e a suspensão voluntária das exportações pelo Brasil. Segundo Fávaro, o Ministério da Agricultura já comunicou a identificação da doença à Omas e à Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês). Amanhã, às 9h30, o ministro se reunirá com a Embaixada da China no Brasil.
Sobre a expectativa de levantamento do embargo, o ministro afirmou que ainda não é possível prever uma data, mas considera que a retomada das exportações exige “uma boa diplomacia e disponibilidade imediata” de responder aos questionamentos mundo afora. “Nossa equipe técnica está preparada e totalmente ciente da necessidade de transparência e de rápida resposta aos questionamentos, para que possa trazer segurança aos mercados consumidores e assim ser levantada a suspensão. Será a nossa prioridade”, assegurou Fávaro. As habilitações de novos frigoríficos brasileiros para exportar para a China, que estava em desenvolvimento pelo governo brasileiro, também será momentaneamente suspensa. “Vamos trabalhar para reaver (o assunto) o mais rápido possível.”
Segundo o ministro, ele pessoalmente, a sua equipe, a diplomacia brasileira e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trabalharão para a breve retomada das exportações ao país asiático. “Já comuniquei o presidente Lula. Ele está disposto a agir na diplomacia e me pediu para passar todas informações e dar toda a atenção especial para isso. Se, em determinado momento, for preciso que ele participe do diálogo diplomático, ele fará para que o mais rápido possível possamos restabelecer o mercado internacional com segurança, credibilidade e transparência”, afirmou.
Em 2021, quando houve casos atípicos da doença no País, as exportações à China ficaram suspensas por mais de 100 dias, de 4 de setembro a 15 dezembro daquele ano, o que resultou na queda dos embarques brasileiros do produto.
Em relação a uma eventual revisão do protocolo com a China, que é demandada pelo setor produtivo, Fávaro disse que não será a pauta principal neste momento, mas considera ser possível avançar na exigência atual. “A revisão desse protocolo se baseia em confiança e em credibilidade, por isso temos tanta preocupação com a transparência, com a credibilidade das informações e a boa diplomacia para que, a partir disso, possamos discutir um protocolo que não se suspenda imediatamente as exportações com um caso isolado, e possamos ter procedimentos menos danoso ao mercado. Mas, por ora, vamos cumprir todos”, afirmou.
Fávaro garantiu que os protocolos necessários para outros destinos também serão cumpridos pela pasta, assim como todos os países receberão as informações necessárias do Brasil.