O Brasil tem comprovado seu potencial e capacidade de diversificação de produtos que são destinados às exportações. Já consolidado no comércio bilateral com vários países para exportação de commodities, o país passa se destacar também com a venda de itens com maior valor agregado, os industrializados. E, dentre esses países compradores, estão os países árabes e muçulmanos. A participação brasileira em eventos como a Gulfood, maior feira de alimentos e bebidas do mundo, que acontece entre os dias 20 a 24 de fevereiro, em Dubai, tem contribuído para aumentar a visibilidade e, consequentemente, o comércio brasileiro junto a esse importante mercado consumidor.
Para comprovar esse cenário que tem se desenhado para os produtos brasileiros, em 2021, os países da Organização de Cooperação Islâmica (OCI) importaram US$ 240,1 bilhões em alimentos e bebidas globalmente, de acordo com dados oficiais dos governos compilados pela consultoria Intracen, adotada como referência pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB). E de acordo com as estatísticas do governo brasileiro compiladas pela CCAB, foram US$ 16,54 bilhões de produtos importados do Brasil para os países da OCI em 2021, passando para US$ 23,44 bilhões em 2022, aumento de 41,7%.
Entre os países que que mais compraram alimentos e bebidas do Brasil em 2022 estão o Irã, com uma receita de US$ 3,96 bilhões, aumento de 137% em relação a receita de 2021. Já a Arábia Saudita, o valor dessa exportação, em receita, foi de US$ 2,36 bilhões, superior em 42,92% em relação a 2021. E o Egito, no mesmo período, totalizou US$ 2,13 em exportação de alimentos e bebidas, aumento de 44,82%.
Vale destacar também os números promissores do mercado brasileiro junto aos 22 países da Liga Árabe. Dados compilados pelo Departamento de Inteligência de Mercado da CCAB, em relação aos derivados de frango, mostram que os Emirados Árabes exportaram, em receita, 37% a mais do que o ano anterior. O aumento da Arábia Saudita foi de 30%, em receita, neste mesmo período. E, para o Catar, o aumento de um ano para o outro, ainda em relação ao mesmo produto, foi de 57%.
Já em relação aos derivados bovinos exportados para os países da Liga Árabe, as exportações totais de carne bovina em 2022 cresceram 41,5% em receita, totalizando em US$ 1,04 bilhão, e 23,27% no volume, quando comparado a 2021, sendo as maiores da série histórica no país. O destaque é para o Egito, com aumento de 25% em receita em 2022 em relação a 2021. Já os Emirados Árabes, o aumento neste período foi de 23%.
A CDIAL Halal, que participará novamente dessa edição da Gulfood, reforça que o Brasil começa a se destacar e aumentar sua participação nesse comércio exportador de produtos industrializados.
“Somos destaque na exportação de matéria-prima para que outros países fabriquem os produtos halal de maior valor agregado. Porém, é uma tendência crescente que as empresas enxerguem o potencial que temos para que esse produto industrializado saia aqui do Brasil. Dessa forma, a tradição que temos na exportação de proteína halal, sendo o maior exportador do mundo, corrobora para que o Brasil abrace também esse setor de produtos de maior valor agregado. Temos como exemplo o açaí que, pela visibilidade que tem alcançado, já conquistou um importante mercado junto a países árabes e muçulmanos”, ressalta o diretor de Operações da CDIAL Halal, Ahmad M. Saifi.
A CDIAL Halal teve um ano promissor em 2022. Em um mercado que movimenta cerca de US$ 5 trilhões ao ano, a certificadora apresentou crescimento de 100% na certificação halal para o segmento da agricultura, quando comparado a 2021. A expectativa da certificadora é de que, neste ano, as certificações voltadas às empresas de bovinos cresçam em torno 100%, sendo que o setor de proteína animal, como um todo, tem previsão de crescimento em torno de 15% a 20%.