Em suas mais recentes “Projeções do Agronegócio”, estudo que abrange o período entre 2023 e 2033, o MAPA, através de métodos científicos e baseado no desempenho anterior, estimou que dentro de 10 anos a produção brasileira de carnes – bovina, suína e de frango – será 22% superior à atual, enquanto as exportações devem apresentar crescimento próximo de 31%. Isso, naturalmente, implica em uma disponibilidade interna com evolução inferior a esses dois índices – 18,5% é o aumento previsto.
Pois ainda que esse último índice seja menor, é sobre ele que soam os primeiros sinais de próximos novos desafios para o setor produtivo. Por indicar que a disponibilidade interna de carnes crescerá a uma média superior a 1,6% ao ano, índice que corresponde ao triplo do crescimento médio da população brasileira (crescimento médio de 0,52% ao ano, de acordo com o último censo).
Claro, isso se resolve com facilidade através de campanhas de estímulo ao consumo. E, neste caso, o esforço maior se concentrará sobre a avicultura e a suinocultura, pois frente a uma evolução de oferta de 0,4% ao ano da carne bovina (ou seja, em índice inferior ao do crescimento vegetativo da população, o que sugere queda no consumo do produto), a oferta das carnes suína e de frango se expande a uma taxa de 2,2% ao ano.
Resolvido? Nem um pouco. Porque o problema real se encontra, na verdade, na disponibilidade per capita, sem dúvida elevada até mesmo para os padrões de consumo atuais. E que, pelos números recém-divulgados pelo MAPA, deve ultrapassar os 100 kg já no corrente exercício (tabela abaixo).
Indo além e supondo que, nestes próximos 10 anos, a população brasileira cresça à mesma taxa da década passada (0,52% ao ano), o volume disponível dentro de 10 anos ficará próximo dos 115 kg per capita, quantidade que implica em um consumo médio diário de mais de 300 gramas per capita. Será que o consumidor terá poder aquisitivo para esse volume? Mais importante: Será que o organismo humano tem espaço para tanta carne?