As organizações que representam consumidores e indústrias de produtos plant-based esperam que a decisão sobre os rótulos de itens de origem vegetal análogos aos de origem animal se baseie em critérios científicos. Para Alexandre Cabral, diretor de políticas públicas do The Good Food Institute Brasil (GFI), talvez o mais adequado seja criar uma categoria nova, com outras determinações de rotulagem.
“Os consumidores não confundem hambúrgueres de quinoa com os de carne”, diz ele. “Mas os produtos vegetais que tentam imitar sabor, textura e cor da carne são vendidos junto às proteínas animais. É preciso deixar claro o que eles contêm”.
Cabral lembra que as inovações ocorrem sempre antes da legislação, como aconteceu com a margarina, que a indústria lançou originalmente como um tipo de manteiga. Ele afirma que o Ministério da Agricultura tem ouvido a sociedade desde 2019 e foi alertado novamente em agosto, quando o ministro Marcos Mendes lançou o ofício sobre o tema. “O açodamento [no debate] da questão é um erro. É preciso aguardar pareces técnicos”.
Maria Eduarda Lemos, gerente de certificação da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), afirma que os consumidores estão esclarecidos sobre as diferenças entre os produtos de origem vegetal e animal e que não se confundem tão facilmente. “As pessoas têm buscado o sabor do que já conhecem em produtos que não afetem o meio ambiente, que sejam sustentáveis e respeitem os animais, e por isso o crescimento dos análogos é exponencial. Acredito que estabelecer algumas regras nos rótulos já vai ajudar o consumidor a esclarecer eventuais dúvidas”.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) não tem posição específica sobre os plant-based, mas defende que as informações estejam claras em todos os rótulos. O organismo também participa das discussões na Anvisa e no Ministério da Agricultura.