Embora tenha ganhado cada vez mais destaque no cenário contemporâneo, a segurança alimentar é um tópico centenário, fomentado por discussões fundamentais à existência humana desde o século XX. Ela consiste na garantia da disponibilidade e do acesso permanente aos alimentos, pleno consumo sob o ponto de vista nutricional e sustentabilidade em processos produtivos.
Na atualidade, esse conceito vai além de garantir que a produção de alimentos cubra a demanda nacional, tendo ramificações nas mais diversas esferas do cenário mundial. A segurança alimentar atravessa tópicos sociais, econômicos e políticos. Por seu controle ser essencial à garantia da vida, a segurança alimentar vai de encontro aos princípios da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Hoje, mais do que nunca, assegurar a produção e distribuição de alimentos é uma prioridade máxima.
Em menos de dois anos, a população enfrentou dois grandes entraves globais para a produção de alimentos. Após o fim dos estágios mais críticos da pandemia da Covid-19, o conflito armado entre Rússia e Ucrânia desestabilizou o mundo. O cenário – de ameaças e reais impactos na segurança alimentar – tem se baseado na utilização de tecnologias para evitar a falta de comida na mesa da população.
Desde o início do conflito, o impacto no setor alimentício se manifestou de forma evidente. O comprometimento do abastecimento de commodities, principalmente no mercado europeu, tem sido um dos mais latentes efeitos da guerra. “A mídia revela a falta de alimento em vários lugares. Muitas vezes, não é a escassez completa de um item que ocorre, mas a diminuição da disponibilidade daquele item. Alguns países enfrentaram, logo nos primeiros meses, a falta de trigo, por exemplo”, pontua Vinícius Melo, Diretor Comercial da Valley.
O agronegócio global depende amplamente da distribuição de petróleo e fertilizantes, que também sofre o impacto do conflito entre esses dois importantes players. Cerca de 23% dos fertilizantes importados pelo Brasil são de origem russa. Além dos insumos e grãos, o conflito representa uma ameaça à produção de outras importantes commodities, como o açúcar, o algodão, o café e o cacau.
“Já estamos vivendo um momento de escassez de oferta de alimentos, o que é facilmente comprovado pelos dados da inflação mundial. Essa alta nos preços é fruto de uma reação em cadeia. Por exemplo, está faltando cloreto, está faltando adubo. Estão faltando insumos vitais. O produtor está pagando mais caro naquilo que tem disponível, aqui no Brasil, e isso vai refletir no aumento do preço dos alimentos”, explica Vinícius.
Em face aos desafios, a irrigação se mostra um poderoso aliado para a garantia da segurança alimentar global. As possibilidades trazidas por sua utilização na agricultura vão muito além de mais lucro e rentabilidade para o produtor. O uso aplicado da tecnologia pode ser o caminho mais eficiente e importante para a missão mais importante do agronegócio: atender à demanda global de produção de alimentos, que é cada vez maior.
A irrigação por pivô central viabiliza que uma mesma área possa alcançar até 30% a mais de produtividade, além de garantir uma safra a mais por ano com as mesmas culturas. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a agricultura irrigada representa 17% da agricultura e produz aproximadamente 40% da produção de alimentos do mundo. Os irrigantes possibilitam driblar as limitações físicas para o crescimento da agricultura e produzir mais em menos tempo.
Além disso, em meio aos entraves resultantes da guerra, a América Latina desponta como o cenário ideal para sustentar a produção global de alimentos e fortalecer a segurança alimentar global. Uma conjuntura de fatores físicos e biológicos, aliados à irrigação, podem consolidar a região como o “Celeiro Produtivo do Mundo”, responsável por grande parcela dos alimentos produzidos.
“O clima úmido da América Latina, associado à irrigação e à fertilidade do solo dessa região, possibilita a produção de cinco safras em dois anos. Esse é o único lugar do mundo em que isso é possível. Aqui, tecnologia e clima se complementam, formando uma força produtiva que pode, sem dúvidas, garantir a disponibilidade de alimentos”, afirma.
Possibilitando um incremento produtivo direto de cerca de 30%, a irrigação é uma das chaves para garantir o fortalecimento da produção agrícola latina durante um período de incertezas e escassez. Com tecnologia, ciência e trabalho árduo, o setor é capaz de enfrentar todas as adversidades e assegurar que não falte alimento no prato do consumidor.