A alta no preço do leite cru em setembro foi impulsionada por uma intensa competição entre laticínios e cooperativas para assegurar a compra de matéria-prima. Segundo estudo apresentado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, no dia 29/10, os preços no campo subiram em resposta à oferta limitada de leite, agravada por um clima mais seco, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, e por estoques de lácteos em níveis abaixo do normal.
A baixa oferta no mercado reflete o impacto da estiagem, que reduz a qualidade das pastagens e, consequentemente, a produção de leite. Em resposta a essa escassez, indústrias e cooperativas têm adotado uma estratégia mais agressiva de compra, o que pressiona os preços do leite cru. Em setembro, a “Média Brasil” do leite ao produtor foi registrada em R$ 2,8657 por litro, representando um aumento de 3,3% em relação ao mês anterior e 33,8% frente ao mesmo período de 2023, já ajustados pela inflação.
Para tentar suprir a demanda e repor os estoques, as indústrias aceleraram a captação, elevando o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea em 8,3% entre agosto e setembro. A valorização também foi sentida no mercado de lácteos, com aumentos nos preços do leite UHT (7,6%), queijo muçarela (2,7%) e leite em pó (1,3%) no atacado paulista.
No entanto, especialistas do setor alertam que esse movimento de alta nos preços pode perder força em breve. O aumento da captação e a queda nas cotações do leite spot e dos derivados na segunda quinzena de outubro indicam uma possível reversão nos preços no campo para os próximos meses.