Estes são o quarto e quinto casos atípicos de vaca louca identificados no país em mais de 23 anos de vigilância para a doença. O Brasil nunca registrou a ocorrência de caso de EEB clássica, pontuou o ministério
O Ministério da Agricultura confirmou neste sábado a ocorrência no Brasil de dois casos atípicos da doença Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como “vaca louca”, o que desencadeou a suspensão temporária de exportações de carne bovina para a China a partir destes dados, disse a pasta em comunicado.
Um dos casos foi identificado em um frigorífico de Nova Canaã do Norte (MT) e o outro em Belo Horizonte (MG), informou o ministério.
O governo federal vinha investigando uma suspeita de doença desde quarta-feira. Uma fonte da indústria já havia antecipado à Reuters, na condição de anonimato, que em Minas Gerais poderia se tratar de um caso atípico, quando não há contaminação.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou neste sábado que as fiscalizações federais ocorrem frequentemente para garantir o status sanitário do produto brasileiro.
“Eu quero só tranquilizar a população, é um caso atípico, foram casos e agora o ministério vai tomar todas as providências”, disse ela durante o lançamento do Movimento Agro Fraterno, para entrega de alimentos, em Mato Grosso do Sul.
Estes são o quarto e quinto casos atípicos de vaca louca identificados no país em mais de 23 anos de vigilância para a doença. O Brasil nunca registrou a ocorrência de caso de EEB clássica, pontuou o ministério.
“A EEB atípica ocorre de maneira espontânea e esporádica e não está relacionada à ingestão de alimentos contaminados. Todas as ações sanitárias de mitigação de risco foram concluídas antes mesmo da emissão do resultado final pelo laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês), em Alberta, no Canadá. Portanto, não há risco para a saúde humana e animal. ”
A pasta disse que, após a confirmação do diagnóstico ocorrida na sexta-feira, o Brasil notificou oficialmente a OIE, conforme preveem as normas internacionais.
“No caso da China, em cumprimento ao protocolo sanitário firmado entre o país e o Brasil, ficam suspensas temporariamente como exportação de carne bovina”, disse a pasta.
A medida, que passa a valer a partir deste sábado, se chegar até que as autoridades chinesas concluam a avaliação das informações já repassadas sobre os casos.
Quando o caso mais recente de vaca louca foi identificado, em 2019, em um frigorífico de Mato Grosso, como exportações da proteína do país para a China considerada suspensa por cerca de 13 dias.
China e Hong Kong configuram o principal destino da carne bovina brasileira, respondendo por 59% da receita e volume exportado, de acordo com a associação da indústria Abrafrigo.
O ministério esclareceu ainda que a OIE exclui a ocorrência de casos de vaca louca atípica para efeitos do reconhecimento do status oficial de risco do país.
“Desta forma, o Brasil mantém sua classificação como país de risco insignificante para uma doença, não justificando qualquer impacto no comércio de animais e seus produtos e subprodutos.”
Os dois casos de EEB atípica –um em cada estabelecimento– foram detectados durante a navegação ‘ante-mortem’, que precedem o abate. Trata-se de vacas de descarte que apresentavam idade avançada e que estavam em decúbito nos currais.