Entender a doença em sua complexidade e avaliar os fatores de risco podem minimizar ocorrências e consequentes perdas.
A criação de bezerros do nascimento até a desmama é considerada uma das etapas com os maiores desafios dentro da propriedade rural. Devido à variedade de afecções que podem ocorrer nos animais nesta fase, definir as estratégias de prevenção e tratamento para obter melhores resultados não é tarefa fácil. Porém, apesar de a diarreia neonatal ser tratada, na maioria das vezes, como uma doença, ela é, na verdade, um sinal clínico. Ou seja, a maneira como a doença se manifesta, caracterizada pelo aumento de água nas fezes podendo alterar o aspecto de pastoso para semi-pastoso ou até mesmo líquido, depende da severidade do caso.
“Mesmo que a grande maioria dos protocolos de tratamento de diarreia utilizados envolva o uso de antibióticos, nem sempre ela é causada por agentes infecciosos ou bacterianos. Portanto, para determinar uma boa estratégia de prevenção e tratamento dos casos, deve-se buscar entender a doença em sua complexidade e avaliar quais fatores de risco podem ser eliminados ou minimizados”, detalha o médico-veterinário e gerente de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó, Reuel Luiz Gonçalves.
Ele explica ainda que é necessário considerar a probabilidade de ocorrência de autoinfecção, manejo nutricional adotado, ambiência, fatores causadores de estresse neste período e quais os agentes que podem estar envolvidos na afecção, frente ao grande número de agentes patogênicos causadores de diarreia.
A importância dos exames diagnósticos
Apesar de a diarreia em período de aleitamento ser uma morbidade extremamente prevalente nas propriedades, a determinação dos agentes causadores ainda é pouco utilizada como ferramenta, levando ao desconhecimento da dinâmica das patologias. “Entretanto, é importante saber que, principalmente em momentos de surtos ou excessiva perda de animais, os exames diagnósticos podem representar uma ferramenta-chave na resolução dos problemas”, ressalta Gonçalves.
O uso de antibióticos bacteriostáticos deve ser analisado para cada caso, com o objetivo de evitar possíveis infecções secundárias e, ao mesmo tempo, minimizar as chances de resistência bacteriana em animais jovens. Agentes como os protozoários têm sido diagnosticados com maior frequência e devem ser encarados como importantes causas de perdas econômicas e produtivas no sistema, além de representarem um risco para a saúde dos humanos, que estão frequentemente em contato com os animais nesta fase de risco.
O médico-veterinário aconselha ainda que nas fazendas com histórico de criptosporidiose, o halofuginona pode ser utilizado na prevenção de diarreia diagnosticada devido ao Cryptosporidium parvum. A administração de halofuginona base deve começar nas primeiras 24 a 48 horas de vida.
“O mais indicado é a utilização de um calendário vacinal nas matrizes no pré-parto que incluam vacina para prevenção da Rotavírus G6 e G10 e de bactérias Gram-negativas pela cepa J5, como Rotatec J5, o uso de vacinas clostridiais, como Bioclostrigen J5 ou Policlostrigen, o uso de vacinas reprodutivas pré-estação de monta como Bioabortogen H (IBR, BVD 1 e 2, Campylobacter, H. somni + Bioleptogen 07 cepas de leptospiras). Conhecer e entender a dinâmica de cada agente, bem como sua patogenia são de extrema importância”, alerta Gonçalves, que completa: “Mas, para definir planos e métodos que sejam ideais para a sua realidade, consulte e converse sempre com seu médico-veterinário de confiança”, finaliza.