A produção mundial de lácteos segue se ajustando à demanda, com algum aumento registrado na produção, o que tem permitido recentemente ligeiro recuo nas cotações internacionais de lácteos, após um período de contínuas altas. Após duas quedas consecutivas, o último leilão do GDT registrou estabilidade nas cotações e nos volumes comercializados, com preço médio de USD 4.245/ t.
No cenário doméstico, os principais indicadores macroeconômicos sinalizam para um crescimento da economia em 2025, estimado em 2,0% no último Boletim Focus, embora isso represente significativa redução em relação ao observado no ano de 2024. Os indicadores de emprego e renda seguem favoráveis, garantindo a melhoria do poder de compra da população. Alguns indicadores da atividade econômica como serviços e vendas do comércio apresentaram queda no primeiro mês do ano, mas com resultados positivos em 12 meses. Os últimos dados fiscais apontaram para uma pequena queda de 0,9% na dívida bruta brasileira no início de 2025. Estes dados e a evolução da economia brasileira permitiram a queda da cotação do dólar no início deste ano. Mas ainda há incertezas, em função do crescente aumento das expectativas inflacionárias, das altas taxas de juros e da gestão dos gastos públicos. Isso pode impactar o mercado de trabalho e a renda da população, que vêm apresentando resultados positivos, e sustentando a demanda por leite e derivados.
A produção de leite inspecionada cresceu pelo segundo ano consecutivo, aumentando 3,1% em 2024 em relação ao ano anterior. Este é o resultado de margens e termos de trocas mais favoráveis ao produtor, viabilizando a recuperação da produção doméstica. No entanto, a importação continua em patamar elevado. Com crescentes volumes exportados, a pecuária de leite argentina tem exibido aumento de produção nos últimos meses. A maior estabilidade econômica, o controle da inflação e a retirada de barreiras às exportações explicam este crescimento e o Brasil é importante destino deste fluxo.
A atividade econômica mais aquecida nos últimos anos, com o aumento da massa de rendimento das famílias, tem mantido firme a demanda por lácteos. Isso tem possibilitado o aumento da produção nacional de leite mesmo em um cenário de pressão de importações. A evolução recente dos termos de troca tem favorecido a maior oferta doméstica de leite e esta situação pode prosseguir nos próximos meses. As dúvidas sobre a evolução do poder de compra da população e os custos domésticos mais altos que os internacionais lançam incertezas sobre a evolução da produção nacional em um cenário de menor crescimento do emprego e da renda, que é uma das possibilidades para o ano de 2025.
