*Pós-Graduação, FCAV/UNESP Jaboticabal – APTA Regional Alta Mogiana – Colina, SP.
No Brasil, cerca de 15% dos bovinos abatidos são terminados em confinamentos (ABIEC, 2021). Dentre os benefícios dessa estratégia está o aumento da eficiência produtiva, através do atendimento de exigências nutricionais para alto ganho em carcaça com dietas balanceadas e o uso de aditivos. Por serem ruminantes, é possível utilizar diversos subprodutos da agroindústria na formulação de dietas para bovinos confinados e gerar uma proteína de elevado valor biológico. De modo global, a terminação de animais em confinamentos proporciona maior rendimento e sustentabilidade ao setor produtivo.
Em função das formas de aquisição praticadas pelos confinamentos e as dimensões continentais do Brasil, os animais de compra para reposição estão invariavelmente expostos a fatores que geram estresse. Estes incluem estressores psicológicos, fisiológicos e físicos associados aos procedimentos de manejo praticados nos sistemas de produção de carne bovina (Carroll and Forsberg, 2007). A exposição à leilões, formação de lotes com novas interações sociais, transporte por longas distâncias e privação hídrica/alimentar são alguns dos exemplos de manejos que podem induzir os animais ao estresse (Cooke, 2017). Adicionalmente, animais recém-chegados nos confinamentos necessitam passar por protocolos de recebimento, sendo identificados com brincos, vacinados, vermifugados e apartados em novos lotes.
Esse protocolo de recebimento é necessário para o controle zootécnico, manutenção da sanidade e prevenção de doenças nos animais confinados. Porém, sua realização após transporte e/ou períodos de privação hídrico/alimentar de maior severidade pode comprometer a eficácia da vacinação, elevando os gastos com medicação ao longo dos dias em confinamento. Além disso, é possível que a passagem dos animais recém-chegados no brete aumente o tempo de manejo e o índice de acidentes, assim como amplificar o estresse sofrido. A pesagem nesse momento também pode gerar informações enviesadas, uma vez que se atribui o rendimento de carcaça inicial sem considerar a desidratação e a perda de conteúdo digestivo no transporte, subestimando o peso de carcaça. Somando-se estes fatores, têm-se que o manejo no recebimento pode impactar negativamente a qualidade das operações de manejo, sanidade, bem-estar e, consequentemente, o desempenho dos animais.
O artigo “Estratégias para mitigação do estresse em bovinos recém-chegados em confinamentos após transporte”, poderá ser lido na íntegra na edição 03 da Revista do PecSite, de março/2022.
Autores:
Cidrini, I. A.1*; Batista, L. H. C.1*; Abreu, M. J. I.2*
¹Zootecnista, Ms. e Doutorando em Zootecnia;
²Zootecnista, Mestrando em Zootecnia.
*Pós-Graduação, FCAV/UNESP Jaboticabal – APTA Regional Alta Mogiana – Colina, SP.
BIBLIOGRAFIA
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Batista, L.H.C., Cidrini, I.A., Prados, L.F., Cruz, A.A.C., Torrecilhas, J.A., Siqueira, G.R., Resende, F.D., 2022. A meta-analysis of yeast products for beef cattle under stress conditions: Performance, health and physiological parameters. Anim. Feed Sci. Technol. 283, 115182. https://doi.org/10.1016/j.anifeedsci.2021.115182.
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