No primeiro Food Outlook de 2023 que acaba de divulgar, a FAO estima que a produção mundial de carnes do corrente exercício deve girar em torno dos 364 milhões de toneladas, volume que representa menos de meio por cento de aumento em relação ao que foi produzido no ano passado e que corresponde a um adicional anual, bruto, de apenas 1,3 milhão de toneladas.
Pode até ser menos porque, nas previsões da FAO, a produção das carnes bovina e suína tende a recuar, enquanto a carne ovina sinaliza aumento de não mais que 100 mil toneladas. Mas o previsto é que a carne de frango compense o resultado fraco e/ou negativos com um volume quase 2 milhões de toneladas superior ao de 2022. Abaixo, o que diz a FAO sobre as perspectivas das três principais carnes:
- Carne de frango: tende a ampliar ainda mais sua participação, já líder, na produção mundial e chegar a 39,21% do total previsto, desempenho impulsionado pela demanda do setor de food service e pelo apelo, generalizado, de carne mais acessível. Isto, a despeito dos também generalizados surtos de Influenza Aviária de alta patogenicidade e do elevado custo das rações;
- Carne suína: tende a sofrer redução em torno de meio por cento, desempenho ocasionado por acentuada queda na produção europeia (efeito, ainda, da peste suína africana), por margens de ganho significativamente apertadas e, também, por uma demanda mundial mais fraca. O volume apontado, se alcançado, corresponderá a 33,44% da produção mundial prevista;
- Carne bovina: tende a uma redução (0,26%) menor que a da carne suína, expectativa determinada pela queda no número de cabeças em criação, pelos altos custos da alimentação e pela escassez de forragem em várias regiões produtoras – situação, esta, que deve levar a um menor peso de carcaça. Tais previsões, porém, se aplicam especificamente à Europa e à América do Norte, porquanto na Ásia, América do Sul e Oceania são previstos aumentos – insuficientes, é verdade, para reverter a expectativa de queda global. A produção prevista corresponde a 20,91% do estimado para a produção global.
COMÉRCIO INTERNACIONAL
Da mesma forma que a produção, o comércio internacional de carnes deve apresentar crescimento apenas marginal no corrente exercício. O previsto é um volume ligeiramente superior a 42 milhões de toneladas, com crescimento anual inferior a 1%.
Quem, de um lado, impulsiona o crescimento são as expectativas de vendas crescentes para o food service, especialmente o chinês, após a China ter encerrado as restrições relacionadas à Covid-19.
Porém, de outro lado, o crescimento tende a ser praticamente neutralizado por uma possível queda por parte dos países importadores, devido às crescentes disponibilidades domésticas e à perda de poder aquisitivo dos consumidores.
De toda forma, a maior parte do aumento esperado será suprido, provavelmente, por Brasil e Austrália, países que dispõem de altos suprimentos exportáveis, estão livres de doenças animais e dispõem de preços competitivos.