Os preços do frango subiram cerca de 5% nos Estados Unidos durante o terceiro trimestre deste ano, no comparativo trimestral, em meio a um cenário de custos de produção menores com a queda nas cotações dos grãos. “Com isso, os investidores têm precificado uma ligeira melhoria de margens para a PPC nos EUA durante o trimestre”, afirmou o Itaú BBA em relatório nesta terça-feira (22/10) sobre a Pilgrim’s Pride, controlada pela JBS.
No entanto, os analistas da área de alimentos e bebidas do banco, Gustavo Troyano e Bruno Tomazetto, alertam que houve um recuo de 5% nos preços do frango no mercado americano no comparativo semanal, que reduziu o desempenho do segmento em outubro se comparado ao terceiro trimestre.
Além disso, os impactos dos últimos furacões sobre regiões produtoras de aves devem ser determinantes para a indústria.
“Em nossa opinião, a antecipação dos spreads de frango no trimestre dependerá, em última análise, do impacto dos furacões que atingiram recentemente o sudeste dos Estados Unidos e resultaram na morte de milhões de frangos”, disseram os analistas.
No estado da Geórgia, o maior polo de produção de frango dos EUA, mais de 100 granjas foram danificadas pela tempestade causada pelo furacão, de acordo com as autoridades locais.
“Como as empresas da área ainda estão avaliando os impactos, prevemos obter mais clareza sobre a situação nas próximas semanas. Para a Pilgrim’s Pride, no entanto, nenhum impacto material é esperado neste momento”, acrescentaram os especialistas.
Carne bovina
Já na indústria de carne bovina, o Itaú BBA avalia que os spreads do mercado americano aumentaram somente 1,6% no terceiro trimestre, no comparativo trimestral, patamar mais baixo do que o normal para o período, que é marcado pela temporada de churrascos.
Esse crescimento nos spreads foi impulsionado, principalmente por um aumento de 2% nos preços da carne bovina, enquanto os custos do gado aumentaram 0,4% durante o mesmo período.
Apesar da preocupação dos investidores sobre o aperto das margens na indústria de carne bovina nos EUA, os analistas do Itaú BBA acreditam que a Marfrig continuará alavancando seu portfólio pautado na diversificação.
“A exposição da Marfrig à BRF pode contribuir para um desempenho positivo nos próximos meses se o reajuste do ciclo de aves não for evidente em breve”.
Brasil
Já no mercado brasileiro, os preços do gado dispararam, atingindo quase R$ 300 por arroba, o maior valor desde março de 2023. Com isso, o Itaú estima que a indústria deve ficar com spreads quase estáveis no terceiro trimestre, cenário em que a Minerva estaria incluída.
Para os analistas, a alta da arroba vem na esteira da demanda externa por carne e condições secas em Mato Grosso, que levaram os pecuaristas a recorrerem ao confinamento, com custo maior do que a terminação a pasto.
“Nesse sentido, os spreads de carne bovina em outubro contraíram 16% QoQ (variação trimestral), potencialmente indicando uma dinâmica desafiadora ao entrarmos no 4T24″, alertaram. “Isso será fundamental para avaliar o aumento dos ativos recentemente adquiridos pela Minerva, e notamos que a incerteza quanto ao momento e à margem desses ativos provavelmente está impactando a disposição dos investidores de se exporem (à empresa)”.
Em contrapartida, do ponto de vista estrutural, o Itaú mantém a visão de um ciclo favorável do gado no Brasil até o final de 2025.
Para a BRF, o banco destacou que o foco do mercado está no andamento do plantio de grãos no Brasil, e com fracos efeitos da La Niña na Argentina, a oferta global tende a continuar ampla. “Assim, é improvável que os preços das commodities reajam no curto e médio prazos, potencialmente beneficiando as empresas de proteína (animal)”.