Desde segunda-feira (3) havia expectativa de abertura de mercado em queda devido Às suspensões da China a frigoríficos brasileiros.
Com meio pregão na B3 nesta quarta-feira de Cinzas (5), o mercado do boi gordo abriu somente após as 13h, mostrando quedas nas cotações durante a tarde. Este movimento já havia sido cogitado por analistas ainda na segunda-feira (3), quando a China suspendeu a habilitação de três frigoríficos brasileiros devido a resquícios de Fluazuron. As plantas temporariamente suspensas ficam em Presidente Prudente (SP), Nanuque (MG) e Mozarlândia (GO).
Por volta das 15:35 (horário de Brasília, os contratos março, abril e maio de 2025 caíam abaixo dos R$ 300,00 por arroba. Analistas apontam combinações de fatores somados ao efeito China, que pesa mais, e pressões baixistas exercidas por frigoríficos maiores.
Para Eberti Aguiar, consultor da Hedge Agro Consultoria, com as suspensões, muitos aproveitaram para vender e liquidar posição, e como o tempo de pregão no mercado hoje é menor, o volume de negócios foi pequeno. “Durante a semana deve haver melhora no volume”.
Aguiar ainda complementa, apontando que “frigoríficos estão aproveitando o momento e ofertando preços menores no físico; boi em São Paulo hoje já negociado 300, oferta de frigorífico, Mato Grosso boi China vieram com 290, Goiás 285”.
“Vão tentar pressionar o mercado. É importante ressaltar a importância de quem faz engorda ou vai necessitar fazer venda nas próximas semanas fazer gestão de risco, o que ajuda a diminuir o prejuízo que alguns produtores podem ter”, disse Aguiar.
Na visão do médico veterinário e diretor da HN Agro, Hyberville Neto, é difícil atribuir essa queda a uma questão só, mas ele acredita que haja pressão pelas notícias da suspensão por parte da China.
“Na minha leitura não justifica o mercado no médio prazo mudar do que vinha sendo esperado. Tem a questão do câmbio caindo um pouco, e isso já é algo mais complexo, relacionado ao mercado internacional, tarifas. No curto prazo é possível essa pressão, e os negócios que estão saindo hoje devem ter uma pressão por causa de pecuaristas que estavam na necessidade de vender e acabou aceitando valores menores. Hoje é aquele dia que frigorífico deve ter testado de todo lado”, afirmou Neto.
Pressão pelas suspensões chinesas e pela retomada do mercado pós Carnaval são elencadas pelo analista da SAFRAS & Mercado, Fernando Henrique Iglesias. “Eu imaginei que o mercado poderia abrir com um pouco mais de calma, que já tivesse assimilado esta notícia, mas acabou derretendo. E tem muita tentativa de compra em São Paulo a patamares mais baixos, e isso vai exercendo uma pressão baixista também no futuro”, disse.
Gustavo Figueiredo, sócio da Radar Investimentos, detalha que estas quedas na tarde de quarta-feira são resultado da suspensão chinesa e do mercado físico ruim no Brasil.
“Mercado físico, segue lento preço teto em grandes frigoríficos é o R$ 310,00 por arroba com 30, mas nem todos pagam isso mais. Alguns fora de São Paulo com escala com boi contratual longa. Os pequenos frigoríficos, saberemos amanhã como vai ser o comportamento frente à venda de carne do Carnaval. Boi de R$ 310,00 com 30, para efeito indicador é um indicador abaixo de R$ 308,00 por arroba. Em queda!”, ressaltou Figueiredo.
Para o mercado futuro, ele afirma que é preciso ver o efeito China com o tempo, mas que há expectativa de mais queda no mercado físico até o fim do mês.