O cenário de produção de carne no Brasil apresentou crescimento no segundo trimestre de 2023. De acordo com dados divulgados pelo IBGE, a alta chega a 11% se comparado já com o mesmo período do ano anterior, produzindo cerca de 2,14 milhões de toneladas de carcaças bovinas. Vários fatores impactam nesses números, entre eles o desenvolvimento genético que visa cada vez mais a replicação de características de conformação frigorifica como: estrutura, musculosidade e acabamento de gordura.
Lançado em agosto, o Sumário Geneplus produzido pela Embrapa Gado de Corte, traz uma seleção afinada desses animais capazes de replicar características importantes para a produção de carne. Entre as raças avaliadas está a Santa Gertrudis, que chamou a atenção justamente por apresentar índices que comprovam esse desenvolvimento.
“As tendências genéticas nos ajudam a enxergar as mudanças que estão acontecendo na raça, o Santa continua sua seleção para ganho de peso, mas a composição de carcaça vem melhorando ano a ano, e vemos isso pelo aumento da tendencia genética para conformação frigorífica dos animais. Também é importante destacar a precocidade sexual, pois a Idade ao Primeiro Parto vem diminuindo de forma consistente ao longo do tempo. Tudo isso implica em mais ganho no gancho, que é também o objetivo final”, explica o coordenador do Geneplus Embrapa, o pesquisador Maury Dorta.
Ao todo foram 2711 touros avaliados na raça. Entre eles animais disponíveis em centrais genéticas, sendo que um terço está entre TOP 0,1% e 0,5%, ou seja, que possuem maior assertividade nos resultados e agregam não só na raça pura, com também no cruzamento industrial.
“Os touros novos que estão entrando nas centrais já são animais muito bons de índice, isso porque o processo de seleção desses animais está muito mais organizado e pautado em critérios de desempenho dentro das fazendas, como também nas provas da raça. O resultado é que temos touros muito mais consistentes, que quando colocados para produzir têm se sustentado como animais realmente melhoradores em relação ao rebanho”, pontua o pesquisador.
Dorta revela também que outra característica levantada é a redução do tamanho de umbigo e prepúcio da raça, um aspecto funcional ligado a longevidade dos touros em serviço no campo. “Os criadores se empenharam muito nisso e vemos isso agora, de forma comprovada pelos números trazidos no sumário Geneplus”, ressalta.
Para o presidente da Associação do Santa Gertrudis no Brasil, Gustavo Barretto, os resultados que raça vem apresentando mostram o trabalho cuidadoso e consistente por parte dos associados. “A base de dados vem crescendo com muita qualidade, temos mais criadores participando do Programa e coletando dados com o rigor necessário para abastecer essa base e gerar DEPs mais confiáveis, que trazem maior assertividade na seleção e acasalamento”, finaliza Barretto.