Comentarista analisa efeitos da crise política no mercado financeiro, num dia em que dólar subiu e a Bolsa de Valores fechou em queda, após o 7 de setembro
O dólar fechou nesta quarta-feira (8) com uma alta de quase 3% em relação ao real, a R$ 5,32. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, teve uma queda forte de 3,7%. Para o comentarista Miguel Daoud, os resultados negativos do mercado financeiro são provenientes de questões políticas.
“O mercado financeiro funciona com expectativas. Quando ele vê que o futuro pode não ser bom, como aconteceu em função das comemorações do dia Sete de Setembro nesta semana, que geraram repercussões negativas no Legislativo e no Judiciário, a situação fica complicada”, observa Daoud.
“Nós estamos destruindo o país”, afirma Daoud. “Hoje, conversei com investidores, e eles não querem mais colocar dinheiro no Brasil. Esse é o ponto”, acrescenta o comentarista, ressaltando que a economia brasileira está passando por um processo inflacionário.
“Nós teremos inflação num país com recessão técnica, isso é o pior dos mundos”, diz ele. “Estamos vivendo uma crise hídrica muito séria. O governo precisa resolver a questão dos precatórios para pagar o auxílio emergencial”, acrescenta.
Daoud observa que o mercado financeiro está em pânico e que a queda do real reflete o momento de crise política. “O mercado financeiro está baseado em contratos futuros, e aí quando você tem uma queda dessas, alguém fica pra trás, causando um risco sistêmico. A queda da bolsa também gera uma preocupação muito grande”, analisa o comentarista.
Para Daoud, as manifestações dos caminhoneiros agravam os problemas financeiros com impactos na oferta e demanda. “Nós já temos dificuldades na oferta dos produtos, e o produtor rural será o mais penalizado, pois depende muito do transporte tanto de insumos quanto da produção”, declara.
“Diante desse cenário, é preciso trazer para o presente uma perspectiva mais positiva, pois isso tudo o que está acontecendo não nos levará a lugar nenhum, a não ser para abrir as portas do inferno e ver o que é a tristeza de uma economia afundando”, alerta Daoud, prevendo problemas de choque de oferta para o setor agropecuário.