“O pasto precisa de 60 dias de chuva, em torno de 200 ml para se estabelecer, e as tendências de chuva, segundo boletim do INMET (áreas em azul nos mapas), garantem que até o dia 15 de fevereiro será possível plantar pastagem, e assim, aproveitar ao máximo a janela”, afirma o zootecnista da Embrapa, Haroldo Pires de Queiroz.
Ele destaca que esse pasto é estratégico para o produtor rural, de outono-inverno e “por ser um pasto recém-plantado, os seus primeiros seis meses são de alta qualidade, sendo estratégico para o período da seca. É um pasto de entressafra”.
Essa pastagem é indicada ainda para o produtor que faz integração soja e pastagem e para aquele que plantar milho em sucessão à soja. Segundo o analista da Embrapa (Campo Grande-MS), com esse pasto safrinha é possível ter, na seca, um ganho de peso de cerca de 700 gramas/cabeça/dia, sem a necessidade de suplementação, somente o sal mineral e a garantia de engorda e terminação do animal.
Entretanto, para se obter tais benefícios, Queiroz destaca que um pasto de qualidade depende de água, luminosidade e temperatura, os chamados fatores ambientais. Porém, fatores como a qualidade da semente, preparo do solo e escolha da semente e do animal interferem igualmente no sucesso ou insucesso da atividade.
Dicas para formar a pastagem
A primeira delas se refere à reforma ou manutenção. Queiroz ressalta que no processo de reforma da pastagem o produtor gasta muito mais que em sua manutenção. Na manutenção não há custos com maquinários, insumos e determinadas operações necessárias na reforma. Além disso, o pasto na reforma fica parado por seis meses e isso gera perdas. Com a correção de manutenção, o produtor dilui os custos ao longo do período.
Já a escolha da forrageira ‘ideal’ depende dos objetivos da propriedade rural. “Se você trabalha com sistema intensivo precisa de um capim mais fácil de manejar. Se o seu objetivo é uma produtividade não tão alta, você precisa de uma forrageira que exija menos adubação de manutenção. Você ainda tem que considerar se a forrageira se destinará à manutenção do gado de cria ou à engorda de novilhos. Dependendo de suas estratégias, a pastagem pode ser utilizada também para silagem, fenação ou feno em pé. Tudo isso influencia a escolha do capim”, detalha o especialista.
Com a forrageira escolhida, o empreendedor rural precisa preparar o solo para receber a semente. Isso significa corrigir a fertilidade, controlar as invasoras, nivelar o solo para o depósito adequado da semente, garantindo sua melhor germinação. Alguns itens são obtidos por meio de uma criteriosa análise de solo e acompanhamento de profissional da área credenciado (engenheiro-agrônomo), o que garante a longevidade da pastagem.
Em relação às sementes, Queiroz lembra que “investir em semente é pensar em longo prazo. Gastar com semente de qualidade e na quantidade necessárias”, além de a aquisição de sementes em estabelecimentos idôneos, garantindo a semente legal. O custo com sementes não chega a 10% se comparado a outros insumos e, além disso, um pasto bem formado pode durar até 20 anos. Já uma safra perdida, muito mais.
Há os cuidados extras do pós-plantio, como o monitoramento de lagartas, formigas, insetos cortadores e plantas daninhas; e entre 40 e 60 dias ocorre o primeiro pastejo. “O produtor não pode deixar o pasto ‘sementear’. Assim que atingir a altura de manejo, ele dá o primeiro pastejo, uniformiza a altura e garante um bom perfilhamento inicial.”