A JBS encerrou o terceiro trimestre de 2021 com lucro líquido de R$ 7,586 bilhões, ou R$ 3,01 por ação, um avanço de 142,1% ante o lucro líquido de 3,133 bilhões verificado em igual período de 2020, informou a empresa nesta quarta-feira. A receita líquida cresceu 32,2%, para R$ 92,625 bilhões, ante R$ 70,081 bilhões do terceiro trimestre do ano passado. Da mesma forma, o Ebtida ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) passou de R$ 7,996 bilhões para R$ 13,929 bilhões, aumento de 74,2%. A margem Ebitda ficou em 15% no terceiro trimestre deste ano ante 11,4% reportada em igual período do ano passado.
A dívida líquida da companhia somou R$ 61,028 bilhões no terceiro trimestre deste ano, aumento de 18,6% em relação ao reportado em igual trimestre de 2020, de R$ 51,465 bilhões. Em dólares, a dívida líquida avançou 23%, de US$ 9,124 bilhões para US$ 11,220 bilhões. Já a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou em 1,52 vez em reais e 1,49 vez em dólares no terceiro trimestre, contra 1,83 vez e 1,60 vez, respectivamente. Na comparação com o índice do trimestre anterior, o segundo de 2021, a alavancagem subiu em reais, mas caiu em dólares, já que no período estava em 1,61 vez em reais e em 1,49 vez em dólares.
O fluxo de caixa operacional foi de R$ 10,8 bilhões, 40% a mais do que no mesmo trimestre do ano passado. Com isso, a empresa gerou R$ 7,3 bilhões em caixa livre, 40,2% superior ao gerado em igual trimestre do ano passado. O resultado financeiro líquido da empresa ficou negativo em R$ 1,108 bilhão, contra um resultado negativo de R$ 1,070 bilhão no terceiro trimestre de 2020.
As atividades de investimento da companhia totalizaram R$ 7,7 bilhões no terceiro trimestre deste ano. Segundo a companhia, a linha de adição de ativos imobilizados (capex) somou R$ 2,6 bilhões no período e a linha de aquisição de controladas, líquido do caixa obtido na aquisição totalizou R$5,1 bilhões, em virtude da conclusão da aquisição dos negócios de carnes e refeições da Kerry Consumer Foods no fim de setembro.
O CEO global da empresa, Gilberto Tomazoni, disse em comunicado divulgado para imprensa e investidores que os resultados comprovam a “excelência operacional da empresa”. “Fechamos o terceiro trimestre de 2021 com a certeza de que estamos no caminho certo”, afirmou. O executivo disse ainda que a companhia encerrou o trimestre no “melhor” e mais “robusto” momento de sua história. “Nossa alavancagem chegou a 1,49 vez, mesmo com todos os investimentos orgânicos e inorgânicos que estamos fazendo nas diversas geografias em que operamos. Desde 2020, investimos US$ 1,4 bilhão em ESG, US$ 3,7 bilhões em novas aquisições, US$ 1,3 bilhão em expansão ou modernizações nas nossas unidades produtivas e retornamos US$ 3,3 bilhões aos acionistas”, destacou Tomazoni.
Frentes de negócio – Por unidade de negócio, o maior crescimento no Ebitda ajustado foi da JBS USA Beef, com alta de 203,9% (para R$ 8,4 bilhões), seguido pela Pilgrim’s Pride, com avanço de 12,7% (para R$ 2,4 bilhões). Na sequência, consta a JBS Brasil, com incremento de 10,4% no Ebitda ajustado (para R$ 946,1 milhões), e a JBS USA Pork, com crescimento de 2,2% (para R$ 1,2 bilhão). O Ebitda ajustado da Seara, por sua vez, recuou 10,2% (para R$ 984,2 milhões) ante o terceiro trimestre de 2020.
Sobre o Ebitda ajustado da Seara, a empresa afirmou que o cenário para os custos de produção, especialmente o da ração, “se manteve desafiador” no terceiro trimestre deste ano. A companhia citou dados da Esalq que mostram que o custo médio do farelo de soja e do milho no foi cerca de 23% e 74% superior no terceiro trimestre deste ano ante terceiro trimestre do an passado. “O aumento do custo vem sendo parcialmente compensado pelo repasse de preços, aliado a um melhor mix de mercados, canais e produtos, além do foco da gestão da companhia em eficiência operacional e inovação”, disse a JBS no comunicado.
No terceiro trimestre do ano, a Seara teve receita líquida 38,2% maior do que em igual período do ano anterior, para R$ 9,622 bilhões. A companhia atribui o resultado a um aumento de 20,4% no volume vendido e de 14,7% no preço médio de venda. As vendas no mercado interno, que responderam por 51% da receita da unidade, totalizaram R$ 4,9 bilhões, aumento de 44% ante igual período de 2020. No mercado externo, a receita líquida da Seara foi de R$ 4,7 bilhões, um crescimento de 32,6% em relação ao terceiro trimestre de 2020. A empresa ponderou que a rentabilidade das vendas externas da marca foram afetadas pela suspensão temporária das habilitações para Arábia Saudita e pela desaceleração das exportações de carne suína para a China.
A JBS Brasil registrou receita líquida de R$ 15,46 bilhões no terceiro trimestre deste ano, aumento de 35,3% ante igual período do ano passado, apesar da redução de 11% no processamento de bovinos no período. “Explicado pelo cenário de escassez de matéria-prima e pela suspensão temporária das exportações brasileiras para China, ocorridas no início de setembro”, justificou a companhia. O mercado doméstico representou 49% da receita líquida de vendas da unidade, com crescimento de 22,6% na receita, decorrentes de aumento de 44,3% no preço médio de carne bovina in natura da categoria, que compensou queda de 17% nos volumes. Já a receita líquida de vendas da unidade para o mercado externo cresceu 50,1% na mesma base comparativa, para R$ 7,9 bilhões, em virtude principalmente do avanço de 25% no volume e de 26,7% no preço médio de venda de carne bovina in natura.
A JBS USA Beef reportou receita líquida 34,2% maior em reais no terceiro trimestre deste ano, para R$ 38,588 bilhões, com margem Ebitda de 21,8% (acima da margem da companhia), considerando apreciação de 2,8% do câmbio no período. Em dólares, o incremento da receita foi de 38,1% para US$ 7,379 bilhões. A companhia relatou no comunicado que na América do Norte a oferta de gado permaneceu estável, enquanto o preço do bovino aumentou de 20% a 22% na comparação anual e a demanda continua crescendo.
“O progresso nas vacinações contra covid-19 acelerou a reabertura e reconstrução do canal de foodservice enquanto as vendas no varejo permaneceram fortes, afetando os preços da carne. Por outro lado, os custos operacionais também foram maiores devido principalmente a aumentos nos custos de mão de obra e benefícios, bem como, frete e armazenamento”, disse a companhia na nota. A JBS também informou que está investindo mais de US$ 130 milhões na indústria de carne bovina dos EUA para aumentar a capacidade de produção e outros mais de US$ 150 milhões em aumentos salariais anualizados para colaboradores de nove fábricas.
É esse desempenho da América do Norte que também ajuda a compensar os desafios enfrentados na Austrália e na Nova Zelândia, onde a disponibilidade de gado ainda é baixa. O aumento dos preços da carne bovina com forte demanda doméstica e internacional, contudo, ajudaram a melhorar os resultados. A empresa diz observar uma “melhora sequencial” no desempenho da JBS Austrália. Os negócios de produtos preparados, com a Primo Foods, continuam com aumento de vendas.
A receita líquida da JBS USA Pork avançou 42,2% em reais para R$ 10,937 bilhões no terceiro trimestre do ano, com margem Ebitda de 10,8%, também incluindo apreciação de 2,8% do dólar ante o real. Em dólar, a receita líquida da unidade subiu 46,3% para US$ 2,091 bilhões. Segundo a empresa, as margens do negócio aumentaram na comparação trimestral sustentadas pela forte demanda doméstica. “A escassez de mão de obra e de logística rodoviária continuam a limitar o crescimento da produção e de um mix melhor de produtos”, acrescentou a companhia. A JBS afirmou também que as exportações norte-americanas para a China diminuíram significativamente desde o início do ano, em virtude da recuperação da produção doméstica de carne suína no país asiático após a epidemia da peste suína africana.
A Pilgrim’s Pride apresentou receita líquida no terceiro trimestre deste ano 21% superior em reais ante igual período do ano passado, a R$ 19,999 bilhões, com alta de 2,8% do dólar ante o real. Em dólar, a receita líquida da unidade foi de US$ 3,828 bilhões, aumento de 24,5%. “Nos Estados Unidos, demanda e preços têm se mantido em patamares robustos. O negócio de food service avançou quando comparado ao mesmo período do ano anterior, atingindo níveis mais altos do que os pré-pandêmicos, enquanto os volumes de varejo permaneceram fortes”, comentou a empresa.
Segundo a JBS, o volume de produtos preparados da unidade aumentou 7% no geral e 16% no canal direto ao consumidor, apesar de maiores custos de matéria-prima. No México, os negócios da marca também mantiveram boa performance, enquanto na Europa a escassez de mão de obra, falta de caminhoneiros, o aumento dos custos e a inflação dos grãos pressionaram as margens da unidade.
Mudanças – A JBS informou, ainda, que está recriando a presidência global de operações que, a partir de janeiro, será dividida pelos executivos André Nogueira e Wesley Batista Filho. A informação foi divulgada em fato relevante publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo a companhia, ambos continuarão a se reportar ao CEO global da companhia, Gilberto Tomazoni. Nogueira vai presidir as operações da América do Norte e Batista Filho, as operações na América Latina, Oceania e o negócio plant-based. Atualmente, André Nogueira é CEO da JBS USA. Wesley Batista Filho é o atual CEO da JBS na América do Sul e da Seara.
A presidência da JBS Brasil passará a ser ocupada por Gilberto Xandó, atual membro
do Conselho de Administração da JBS. A presidência da Seara será assumida por João Campos, que hoje ocupa a diretoria executiva de Alimentos Preparados da empresa. A presidência da JBS USA ficará a cargo de Tim Schellpeper, atual presidente da JBS USA Fed Beef. Steve Cohron, atual diretor comercial e de pricing da JBS USA Beef, vai assumir a JBS USA Fed Beef.