A JBS SA, segunda maior companhia de alimentos do mundo, se comprometeu a zerar o balanço de suas emissões de gases de efeito estufa até 2040 nas operações globais, afirmou a empresa nesta terça-feira. A gigante de proteína animal, que tem sede no Brasil, afirmou que é a primeira grande companhia global do setor a estabelecer tal compromisso. Nos próximos 10 anos, a JBS disse que vai investir 1 bilhão de dólares em soluções que visem reduzir as emissões de carbono em suas operações. “Sabemos que é muito difícil conseguir isso”, disse o presidente-executivo da JBS, Gilberto Tomazoni, em entrevista à Reuters. “Vai desafiar toda a empresa.”
Segundo o executivo, todos os negócios da companhia levarão em consideração a meta de redução das emissões de gases, inclusive as alocações de investimento e eventuais fusões e aquisições (M&A).
Dados da JBS mostram que em 2019 suas instalações industriais geraram 4,6 milhões de toneladas de emissões de carbono, enquanto 1,6 milhão de toneladas vieram do uso de energia.
Os resultados indicam quedas em relação a 2017, quando as emissões provenientes das operações da indústria estavam em 5,5 milhões de toneladas e as vindas do uso de energia eram de 1,8 milhão de toneladas, informou a empresa.
No entanto, isto ainda representa uma pequena parte das emissões atreladas à companhia.
Cerca de 90% das emissões totais da JBS vêm de sua cadeia de fornecimento, disse Tomazoni, sem dar um número específico. Ele afirmou ainda que a pecuária tradicional emite 40-45 toneladas de carbono equivalente por tonelada de carne produzida.
O Brasil detém um dos maiores rebanhos comerciais do mundo, e fazendas de gado são vistas como catalisadoras do desmatamento na floresta amazônica, um ativo ambiental essencial contra a mudança climática catastrófica.
O metano, um subproduto natural da digestão em vacas e outros ruminantes, também é uma importante fonte de emissões de gases de efeito estufa. Cerca de um terço das emissões de gases de efeito estufa da produção agropecuária, excluindo mudanças relacionadas ao uso da terra, vem do metano liberado pelos bovinos, de acordo com o World Resources Institute, com sede em Washington.
A meta de 2040 anunciada pela JBS vem em meio a uma reação crescente de consumidores e investidores que ameaçam boicotar ou desinvestir de empresas que contribuem para o desmatamento no Brasil.
Em resposta, companhias do setor agropecuário estão se engajando cada vez mais em ações que evitem a degradação do meio ambiente.
Nesta terça-feira, a gigante de trading e processamento de commodities agrícolas ADM anunciou metas de sustentabilidade como forma de proteger florestas e a biodiversidade, estabelecendo 2022 como o prazo final para ter rastreada a origem de todas as suas compras indiretas de produtos como soja e milho.
Já o compromisso da JBS também envolve o pagamento de ações de reflorestamento e restauração florestal.
A JBS prometeu ainda “alcançar uma cadeia de fornecedores de gado –incluindo os fornecedores de seus fornecedores– livre de desmatamento ilegal na Amazônia até 2025.” Nos demais biomas brasileiros, a meta seria atingida até 2030.
No longo prazo, a JBS disse que a tendência de adoção da pecuária mais intensiva, em substituição ao método extensivo mais usual no Brasil, irá ajudar a reduzir as emissões.
A empresa disse também que usará 100% de energia renovável em todo o mundo até 2040, enquanto que a remuneração variável dos executivos será medida em relação à sua capacidade de cumprir as metas ambientais.