Uma pesquisa da MapBiomas mostrou que os sinais de degradação dos pastos brasileiros caíram de 70% em 2000 para 53% em 2020. Enquanto isso, as pastagens severamente degradadas tiveram a expressiva queda de 24,2 milhões de hectares nesse período, saindo de 46,3 milhões de ha em 2000 para 22,1 milhões de ha em 2020.
Os dados apontam ainda que, por bioma, a maior retração ocorreu na Amazônia (60%), seguida pelo Cerrado (56,4%), Mata Atlântica (52%) e Pantanal (25,6%).
Diante disso, o Brasil vem ocupando 156 milhões de hectares do seu território com a pecuária, número expressivo e que pode aumentar ainda mais diante da recuperação das pastagens degradadas.
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Segundo o zootecnista Rodrigo Dias Lopes, especialista em Agronegócio e Pecuária Sustentável da National Wildlife Federation (NWF) no Brasil, a recuperação das pastagens degradadas aumenta a produtividade por hectare na pecuária, proporciona uma pastagem mais nutritiva e diminui o tempo de abate dos animais.
A prática traz uma qualidade maior em tipificação de carcaça e, consequentemente, o frigorífico terá animais de melhor qualidade em termos de rendimento de carcaça, e o produto final terá qualidade de carne superior.
Sustentabilidade
Somada às questões de produtividade, qualidade, eficiência e rendimento, a técnica também contribui para diminuir o impacto ambiental da atividade pecuária, pois há mais fixação de carbono, diminuindo a emissão de gases de efeito estufa.
Lopes explica que uma pastagem bem nutrida oferece uma melhor cobertura de solo, evitando o processo de erosão e o assoreamento dos rios. “Quando se produz em áreas já existentes, diminui-se a pressão em áreas de florestas nativas por conversão de novas áreas de pastagens”, acrescenta.
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Contudo, é importante lembrar que a recuperação de pastagens tem um custo elevado. Por isso, os produtores rurais, ao realizarem os cálculos para realização desse objetivo, desistem de fazê-lo.
“Neste caso, uma boa opção é utilizar o consorciamento da agricultura-pecuária, ou seja, fazer cultivo em áreas de pastagens por um período, com o intuito de corrigir e fertilizar o solo, onde essa recuperação terá um melhor custo benefício”, afirma Lopes.
Em sua avaliação, a aplicação de técnicas de integração, como o consorciamento floresta-pecuária ou os sistemas de ILPF – Integração lavoura-pecuária-floresta, também oferece benefícios em termos de bem-estar animal, pois há áreas sombreadas que influenciam em maior ganho de peso e melhor aproveitamento produtivo por área.
Além disso, as pastagens de melhor qualidade nutrem melhor os animais, proporcionando maior bem-estar para o animal e retorno financeiro para o produtor.